Religiosos não entendem que Estado laico beneficia a todos

Entrevista da presidenta da LiHS – Liga Humanista Secular do Brasil, Asa Heuser.

“Religião não deveria ser a base da moral”

Paulopes: Você é a presidente da Liga Humanista Secular do Brasil, entidade que defende a separação entre Estado e Igreja. O que os movimentos humanistas têm feito ou podem fazer para deter o avanço dos religiosos sobre o Estado laico?

Åsa: Os movimentos humanistas têm tido um papel importante de educação da sociedade — muitos religiosos não entendem que o Estado Laico é benéfico para todos. Eles vêm com essa história de que queremos um Estado ateu, etc, mas defendemos o Estado Laico. Exceto para os mais fundamentalistas que vislumbram benefícios com a ascensão do seu Estado Teocrático, o Estado Laico é benéfico para todas as religiões e também para ateus, céticos, livres pensadores etc. Temos que tornar essa informação disponível. E já fomos até ao STF para passar essa mensagem representados pelo nosso diretor jurídico, Thiago Vianna. A LiHS se fez presente na audiência pública sobre ação contra ensino religioso obrigatório nas escolas públicas e além desta ação as que tratam de obrigatoriedade de Bíblias nas escolas e/ou bibliotecas.

​Os militantes humanistas são muito ativos no mundo virtual. Como você avalia essa militância? Ela não lhe parece superficial e fechada em si mesma, falando somente​ para uma audiência que já é humanista?

É mais fácil falar para nossos pares, então é natural que o primeiro alvo do ativismo humanista seja seus próprios membros. Mas acredito que é importante tornar o conteúdo disponível para outras audiências. Essa é uma das missões da LiHS, mostrar que muitos valores humanistas são benéficos não só para ateus humanistas, mas para deístas e teístas moderados também.

Os humanistas costumam ser mais propensos a tentar encontrar uma base comum com religiosos moderados — muitas coisas do humanismo em si vieram disso. Num ambiente virtual cada vez mais vitriólico, separatista e estimulador de rivalidades, essa postura faz toda a diferença. Devemos estar dispostos a botar as cartas na mesa do debate público. Uma vez que se nota que podemos todos concordar com direitos humanos (que não exigem que se aceite ideias implausíveis sobre a origem da moralidade), mas não com mandamentos divinos, já estamos dando um exemplo de concessão moderada e de racionalismo ao mesmo tempo.

A própria Constituição já pode ser vista como um código ético independente de premissas religiosas, apesar da menção a Deus no preâmbulo (que foi abandonada na constituição do estado do Acre).

Os ativistas humanistas diferem bastante entre si, por exemplo, quanto às prioridades: alguns se dedicam mais a ceticismo e crítica racionalista, outros mais a proposições em questões como direitos humanos. Às vezes discordam veementemente, estrondosamente até. Mas o que os une são os valores fundamentais do humanismo: de que podemos confiar em nós mesmos para encontrar conhecimento e ética, não dependendo de auxílio sobrenatural.

Você acha que a maioria dos brasileiros sabe quais são valores humanistas? A mesma pergunta com outra formulação: se disser ao porteiro de um prédio que você é humanista, ele vai entender?

Provavelmente não, mas ele não vai reagir mal como poderia reagir se você usasse “ateu”, que tem mais estigma (que deveria ser dissipado), e não reagiria com confusão, como reagiria se você dissesse “agnóstico”.

A palavra “humanismo” vai soar positiva para o porteiro, vai significar para ele algo como uma postura amena, de boa vontade para com as pessoas. Prova disso é que até membros da bancada teocrática já alegaram que são “humanistas”. Há aí um pequeno fundo de verdade, porque em muitas situações a postura civil será a melhor para um humanista, embora não todas.

Essa ideia popular de “humanista” não é algo definidor de “humanismo”, da forma como usamos na LiHS, seguindo a IHEU [International Humanist and Ethical Union]. A IHEU tem 64 anos enquanto o cristianismo tem milênios, não é de se admirar portanto que a definição de humanismo que usamos, que é não teísta, não seja ainda popular no país. Mas, a julgar por alguns líderes religiosos que já usam “humanismo” pejorativamente, parece que é algo prestes a mudar.

O Brasil tem séculos de influência religiosa e, diferentemente de outros países com tradições mais seculares, há uma mistura incestuosa entre igrejas e Estado. Não é de um dia para outro que se consegue mostrar para o porteiro do prédio que o humanismo é uma visão de mundo racionalista, cética, não teísta, e que religião não deveria (mais) ser a base da nossa moral, mas estamos tentando.

Nos últimos anos, muitos jovens se assumiram como ateus. Tendo em vista que neste ano haverá eleições, por que, entre os candidatos, ninguém se habilita para receber esses votos, com a apresentação de um programa fortemente humanista?

É uma boa pergunta, mas tem a ver com o fato de que humanistas ainda são uma pequena minoria no país. É muito mais fácil se eleger se você pertence a um grupo – por exemplo, uma denominação religiosa – com milhões de pessoas.

Não que não sejamos também milhões, mas são milhões pouco organizados, pouco afeitos à organização institucional (pois confundimos institucionalização do humanismo com transformá-lo em religião). No caso dos políticos religiosos, além do número de seguidores, eles ainda costumam ter à disposição bilhões de reais, canais de TV e estações de rádio. E, como houve com certa denominação que tem o apoio do Eduardo Cunha, conseguem lobby político até para perdoar dívidas de centenas de milhões com o Estado.

Há uma disputa pelas mentes dos brasileiros, e nós precisamos saber que muitos estão dispostos a usar a arte da propaganda para arrebanhar mentes. Nosso apelo, que é menos propagandístico e mais pautado em argumentos (e deve ser assim), requer mais esforço da mente individual para ser digerido e absorvido.

Podemos ser otimistas e esperar que, com o tempo, as pessoas se cansem de propaganda e exijam que seus candidatos tenham propostas programáticas claras. Teve candidato nas últimas eleições que esperou até o último minuto para publicar o que estava propondo, se fiando apenas em carisma e propaganda. Essa faceta negativa da publicidade é inimiga da abordagem racionalista do humanismo, que exige análise de ideias, propostas. Quando os cidadãos se importarem mais com análise de ideias, prevemos que o humanismo terá influência real na política.

A presidente Dilma tem se submetido à pauta conservadora da bancada evangélica, cujos parlamentares fazem parte de sua base de sustentação. Apesar disso, mesmo neste momento de grave crise político-econômica, representações humanistas e ateias têm se mantido neutras politicamente, para não magoar seus associados petistas. Esse seria o caso da LiHS?

A LiHS procura ser neutra politicamente — até porque possui membros de todos os partidos. Não é missão da LiHS ser uma organização de esquerda ou direita e muito menos ser um partido político.
A LiHS critica ou apoia ações de pessoas, instituições ou partidos mas não pretende ser um partido. E, é claro, existe para defender os valores do humanismo. Esperamos que nossos membros estejam dispostos a transcender o corporativismo ideológico e partidário na defesa dos valores humanistas, pois é isso que ser humanista exige deles. Mas errar é humano e é normal que algumas pessoas humanistas fiquem cegas na defesa deste ou daquele candidato, deste ou daquele partido. Criticando-se mutuamente, humanistas devem descobrir sozinhos como se posicionar, e não devem esperar que a LiHS produza respostas tão específicas.

A LiHS existe para as generalidades, pois nenhuma outra organização tem essa missão explícita no Brasil.

Para as próximas eleições presidenciais ou no caso do impeachment, qual seria, do ponto de vista humanista secular, o melhor ou o menos pior dos potenciais candidatos que se tem até agora?

De novo, a LiHS não é um partido político ou um órgão de aconselhamento específico de postura política. Muitos dos argumentos que se pode usar para desaprovar que igrejas e líderes religiosos exortem seus seguidores a votar em determinada pessoa também valem para instituições humanistas. Entendemos que cada membro deve escolher, dentro da sua concepção de o que é melhor para seu município, estado ou país, seus candidatos. Isso costuma ter relação com a pauta do candidato em relação à questões sociais mas também tem relação com suas visões macroeconômicas, estratégicas, etc.

Podemos apontar ações que violam a laicidade, os direitos humanos, etc — como temos feito independentemente — mas não imaginamos que dividir a LiHS em dois ou três novos subgrupos ideológicos distintos seria benéfico. É Liga Humanista, não Liga Humanista Socialista ou Liga Humanista Conservadora, ou qualquer outra coisa do tipo. Nossa mensagem é propositalmente genérica, estamos aqui para dizer que existe vida com sentido sem religião.

Para finalizar, fale um pouco da LiHS. De sua história, atividades e projetos, quanto associados tem, endereços de contato, etc.

A LiHS foi fundada em Porto Alegre em 2010 e tem cerca de 3.700 membros, espalhados por todos os estados do Brasil. Tem atuação tanto virtual quanto no dia a dia, com ações em defesa do Estado Laico, representações junto ao Ministério Público, organização e participação de eventos e também em audiências no Supremo Tribunal Federal.

 Creio que nosso projeto mais bem-sucedido em organização foi o primeiro Congresso Humanista brasileiro em 2012. Somos conhecidos também por manter o blog Bule Voador desde 2009. Nosso mais ambicioso projeto virá em 2017: trazer pela primeira vez o Congresso Humanista Mundial ao Brasil.


Leia mais em http://www.paulopes.com.br/2016/03/religiosos-nao-entendem-que-estado-laico-eh-benefico-a-todos.html

O que é Humanismo? Declaração de Amsterdã 2002

Em 1952, no 1º Congresso Humanista Internacional, os fundadores da IHEU convergiram para uma declaração dos princípios fundamentais do humanismo moderno. Eles a chamaram de “Declaração de Amsterdã“. Esta declaração foi um fruto de seu tempo: situada no mundo da política de grandes poderes da Guerra Fria.
O Congresso Humanista Internacional marcando seu aniversário de 50 anos, em 2002, novamente realizado na Holanda, unanimemente homologou uma resolução atualizando a declaração: a “Declaração de Amsterdã 2002”. Em seguida ao Congresso, a declaração atualizada foi adotada por unanimidade pela Assembleia Geral da IHEU, e assim se tornou a declaração oficial de definição do humanismo global.

Declaração de Amsterdã 2002

O humanismo é o resultado de uma longa tradição de livre pensamento que foi inspirada por muitos dos grandes pensadores e artistas criativos do mundo, e deu origem à própria ciência.



Os fundamentos do humanismo moderno são os seguintes:


  1. O humanismo é ético. Ele afirma o valor, a dignidade e a autonomia do indivíduo e o direito de todo ser humano à maior liberdade possível compatível com os direitos dos outros. Humanistas têm um dever de cuidado para com toda a humanidade, incluindo gerações futuras. Humanistas acreditam que a moralidade é uma parte intrínseca da natureza humana, baseada no entendimento e na preocupação para com os outros, não necessitando de sanção externa.
  2. O humanismo é racional. Busca usar a ciência criativamente, não de forma destrutiva. Humanistas acreditam que as soluções para os problemas do mundo estão no pensamento e ação humanos em vez de na intervenção divina. O humanismo defende a aplicação de métodos de ciência e livre investigação para os problemas de bem-estar humano. Mas humanistas também acreditam que a aplicação da ciência de da tecnologia deve ser moderada por valores humanos. A ciência nos dá os meios mas valores humanos devem propor os fins. 
  3. O humanismo apoia a democracia e os direitos humanos. O humanismo visa ao mais pleno desenvolvimento possível para cada ser humano. Defende que a democracia e o desenvolvimento humano são questões de direito. Os princípios da democracia e dos direitos humanos podem ser aplicados a muitas relações humanas e não se restringem aos métodos de governo.
  4. O humanismo insiste que a liberdade pessoal deve ser combinada à responsabilidade social. O humanismo ousa construir um mundo sobre a ideia da pessoa livre responsável pela sociedade, e reconhece nossa dependência do mundo natural e nossa responsabilidade por ele. O humanismo é não-dogmático, e não impõe um credo a seus aderentes. É, assim, comprometido com a educação livre de doutrinação.
  5. O humanismo é uma resposta à demanda generalizada por uma alternativa à religião dogmática. As religiões majoritárias do mundo alegam ser baseadas em revelações fixas para todo o tempo, e muitas buscam impor suas mundivisões a toda a humanidade. O humanismo reconhece que o conhecimento confiável sobre o mundo e nós mesmos emerge através de um processo contínuo de observação, avaliação e revisão.
  6. O humanismo valoriza a criatividade artística e a imaginação e reconhece o poder transformador da arte. O humanismo afirma a importância da literatura, da música, e das artes visuais e performáticas para o desenvolvimento e plenitude pessoais.
  7. O humanismo é uma postura de vida com meta na máxima plenitude possível através do cultivo de um viver ético e criativo e oferece meios éticos e racionais de atentar-se para os desafios de nossos tempos. O humanismo pode ser um modo de vida para todos em todo lugar.
Nossa tarefa primária é conscientizar os seres humanos nos termos mais simples do que o humanismo pode significar para eles e de que comprometimentos ele implica. Ao utilizar a livre investigação, o poder da ciência e da imaginação criativa para o avanço da paz e a serviço da compaixão, temos confiança de que temos os meios de solucionar os problemas que confrontam a todos nós. Chamamos a todos que compartilham dessa convicção para se associarem a nós nesse esforço.
— Congresso da IHEU, 2002.

Relato da Participação no World Humanist Congress de Oslo 2011

Por Daniel Martin, diretor de relações internacionais da LiHS (agosto/2011).

Chegada em Oslo
Cheguei no aeroporto da capital norueguesa no domingo a noite, apos uma viagem um pouco cansativa (troca de voo em Hamburgo, Alemanha). Estava chovendo. Logo procurei um meio de transporte para o centro da cidade, e encontrei um trem de alta velocidade que me deixaria na Estação central de Oslo, a alluma quadras do hotel. Nerd confesso, liguei o GPS para saber a velocidade do trem: maxima de 211 km/h. Chegando, comi um sanduiche na estação e fui para o hotel preparar a apresentação e descansar.

A General Assembly 2011

Chegando no local do congresso, fui recebido pelo sr. Colin Divens, que me passou algumas informações: eu iria participar da Assembléia Geral da IHEU, instituição que a LiHS passou a fazer parte em julho deste ano. Tinhamos direito a um assento nesta assembléia. Ele então me passou um documento (em formato eletrônico, em anexo) e a senha para abrir o mesmo. Além disso, me deu um cartão verde, que daria direito a falar na Assembléia, mas não daria direito a voto (o cartão vermelho daria direito a voto). Eu disse também que eu tinha disponível uma apresentação em .ppt, caso fosse me dado à palavra. Ele falou que provavelmente não haveria tempo para esse tipo de apresentação na assembléia, mas se interessou bastante pelo material, que foi posteriormente enviado por e-mail.
A assembléia começa, e apos rapidas apresentações iniciais, segue discudindo questões institucionais e administrativas, além de orientações as instituições-membros.

Topicos discutidos neste dia:

– Constitutional changes discussion and votes · Foi votada a participação de algumas instituições (lista estara disponivel em documento posterior).
· Alguns membros se manifestaram, sobre os seguintes topicos:
§ A taxa de 100 libras, alguns alegam que é caro demais para varios paises. Outros alegaram que é para ser mais flexivel.
§ Quais organizacoes podem fazer parte? Quais os valores a organização deve ter para ser aceita no guarda-chuva da IHEU?
§ Um delegado francês disse que a palavra “Humanista” é generica demais e envolve praticamente tudo, por isso eles nao a usam.
§ A discussao continua, sobre aceitar a instituicao se ela tem ou nao “humanista” ou “ateista” no nome, o quanto isso è importante, etc.. as opinioes, no geral, sao de que o nome nao è tao importante, desde que
os valores estejam alinhados com os valores da IHEU. Sobre esse ponto especifico, houve uma discussão posterior detalhada no proximo topico.
Policy resolutions from the Congress
· Resolucao adotada pelo congresso: combate à corrupção!
§ Durante o congresso, um dos temas mais debatidos foi o combate à corrupção, e os danos causados pela corrupção no sentido de dificultar o acesso das pessoas aos direitos humanos.
§ Sobre esse e outros assuntos, vamos aguardar material posterior. Os contatos criados nascidos dessa nossa iniciativa permitirão o acesso à mais informações.
§ Em todos os topicos questionou-se se alguém gostaria de se manifestar, contra ou a favor. Neste ninguém se manifestou contra.
Resolução: non-religious people in military
§ Delegado da Military Association of Atheists & Freethinkers falou um pouco sobre a realidade enfrentada pelos militares nos EUA, onde é obrigatorio ter capelões no exército.
§ Discutiu-se alguns pontos contra e a favor, principalmente sobre a necessidade do militar de um apoio na horas dificeis.
– Presentation from candidates for election to the EC +
· election by acclamation, ou seja, apenas verificou-se se havia alguém contra:
§ Susan Sackett
§ Ron Solomon
Date and venue of 2012 GA: Friday 2 August 2012 and Sunday 5 August (afternoon), with a
conference on Saturday 3 and morning of Sunday 5 August in Montreal, Canada.
– Alguns pontos que não consegui encaixar nos tópicos acima:
(sei que alguns comentários parecem meio fora do contexto… mas não me levem a mal, foi apenas minha ânsia de querer copiar tudo, ou seja, não perder nenhum detalhe do que estava sendo falado lá).
Alguém levantou a questão sobre o direito de protestar contra a violação dos direitos humanos, nem sempre respeitado e que deve ser garantido (houve uma crítica à ONU, de não citados 3 países membros)
– Algo foi dito sobre a Guerra na Somália (que tem acontecido por muitos anos)
– Outro participante perguntou qual o propósito dessa declaração (durante o congresso foi debatida a criação de um documento onde haviam alguns conceitos, como o conceito de PAZ, HUMANISMO, etc.):
o Foi respondido que a razão principal é ter uma base para, por exemplo, quando uma instituicao usa a palavra PAZ, todos sabem exatamente do que se estao falando.
o (comentário meu: a primeira vista, o tema pode parecer irrelevante. Mas acho extremamente importante o tema, inclusive sugerindo para nós, LiHS, que usemos um pouco do nosso tempo definindo alguns conceitos – a própria palavra HUMANISMO, por exemplo – para quando qualquer um se referir à ela sabermos exatamente do que estamos falando)
– Foi falado das MARCHAS PARA ESTADO LAICO, que acontecerão na Europa, mas que eles não têm números exatos, nem locais exatos. O secretário falou para comparecer nas marchas, enviar datas e numeros de pessoas para o email da IHEU para a divulgação e contagem, diante da dificuldade de obter numeros exatos na maioria dos países. Isso acontece pelo simples fato de que nem todos os eventos humanistas são organizados por instituições ligadas à IHEU. Ao mesmo tempo, é interessante saber que eles estão muito receptivos com
as informações vindas do Brasil.
– Uma senhora falou que há uma iniciativa (nos EUA) de traduzir textos e informações humanistas e seculares, nao so para o Inglês, mas para o Árabe também.
– A presidente encerra a sessão, agradecendo à todos, à um americando chamado Jules, pelos 3 ultimos anos de trabalho (ela comenta o fato dele ser de NY mas morar em Las Vegas…), e pede que visitemos todos os dias o website, para conferir as noticias.

Pós-assembléia

Logo após o fim da assembléia, procurei fazer contatos e conversar com as pessoas. Conversei com a Sonja Eggerickx, presidente da IHEU, com o Colin e mais algumas pessoas. Não foi muito fácil, pois estavam rodeados por todos os delegados ali presentes, cada um disputando a atenção da diretoria.
Tive a oportunidade de falar, à pequenos grupos de cada vez, sobre a nossa situação brasileira: o fato de sermos os grupo mais odiado, do país ser extremamente religioso, das nossas ações como a luta à favor da liberdade de aborto, do combate à homofobia, dia do orgulho hétero, do nosso rápido crescimento (da LiHS), do nosso esforço em divulgar informações e conhecimento, protesto contra apedrejamento, etc.. enfim, falei sobre bastante coisas, o que a memória permitiu falar naquele momento, e graças ao material que eu tinha estudado alguns dias antes.
Algumas coisas que marcaram:
• Como sempre, as pessoas se interessavam e abriam um grande sorriso quando eu dizia que era do Brasil.
• Ao mesmo tempo, todos me falaram da palestra do dia anterior sobre corrupção (Organized Civil Society in Promoting Just Global Governance – The Example of Fighting International Corruption, por Peter Eigen da Transparency International). Aliás, foi falada também durante à assembléia. Triste saber que nosso país é tão atingido por esse mal, mas melhor expor a ferida para poder melhor tratá-la.
• Ainda, discutimos bastante como a corrupção afeta o acesso das pessoas aos seus direitos (desde coisas simples como saúde pública, saneamento básico e educação até infra-estrutura de transporte, moradia e bens de consumo).
Quando eu falei que a Câmara de SP tinha votado um “dia do orgulho hétero”, as reações eram SEMPRE exageradas: gargalhadas, gritos (algo como “WTF??!!?!? Are you kidding me?”) e faces assombradas. As pessoas simplesmente tinham dificuldade de acreditar no absurdo disso.
• O grande número de membros da LiHS e o rápido crescimento deixaram todos com um belo sorriso, bastante impressionados. Disse que era graças ao nosso trabalho sério e transparente, divulgação nos meios eletrônicos. Disse também que uma das nossas missões era levar informação e conhecimento às pessoas, e estávamos tendo bastante sucesso nesse ponto, mas que procuramos trabalhar cada vez mais, afinal é um país imenso, ainda há muito trabalho à fazer.

Depois do evento.

Após o fim dos contatos, quando a maioria das pessoas já havia saído, voltei ao hotel para um descanso, deixar computador e papéis (que acabei nem usando para anotações), troquei de roupa e saí para uma caminhada na cidade, apesar da ainda presente chuva.
Oslo é uma cidade bastante cara (mesmo para padrões europeus), mas é muito bonita, as pessoas são simpáticas (para padrões europeus, haha) e quase todas falam inglês, o que facilitou bastante a comunicação.
Visitei o local onde aconteceram os atentados. Aliás, apenas de longe, pois estava tudo cercado pela polícia, para imagino permitir tranquilidade aos trabalhos. É impressionantemente triste ver isso. Aliás, ficava a apenas duas quadras do local onde foi o Congresso, e algumas janelas do local foram atingidas. Muitos vidros quebrados, mesmo sem vista direta para o local onde estava a bomba, devido ao “reflexo” da explosão.
Não me perguntem o porquê, mas a maioria das homenagens estava sendo feita no pátio de uma igreja (Catedral de Oslo – Luterana) à algumas quadras do local da explosão.
Visitei também o Nobel Institute, onde é entregue todo ano o Prêmio Nobel da Paz, e a sede da Norwegian Humanist Association (Norwegian: Human-Etisk Forbund, HEF), a maior associação Humanista Secular do mundo (estava fechada no dia, por conta do congresso).
A noite escrevi o e-mail para o Colin (mas acabou sendo enviado somente na terça), e agora a pouco recebi (com cópia para a Diretoria da LiHS) a gratificante resposta dele e da presidente da IHEU (copio abaixo), fato que por si só fez valer a pena essa pequena jornada, não só minha, mas de toda a LiHS, ao World Humanist Congress em Oslo 2011.

Anexo: e-mails do Colin Divens e da Sonja Eggerickx:

“Hi Daniel,
Great to meet you in Oslo at the World Humanist Congress; we are really pleased that LiHS was represented there.
Thank you for sending through the very comprehensive and informative presentation on your organisation, as discussed. I have copied Sonja into my reply, so that she can view it too.
As your associate membership application was approved by the IHEU General Assembly in Oslo, LiHS is now an associate member of IHEU, in good standing 2011. Welcome!
Speak soon,
Colin Divens
International Humanist and Ethical Union

(Olá Daniel, foi bom te encontrar em Oslo no Congresso Humanista Mundial; nós estamos realmente felizes que a LiHS foi representada lá. Obrigado por ter mandado a apresentação muito compreensível e informativa, como nós háviamos combinado. Copiei Sonja na resposta, assim ela pode ver também. Como a sua aplicação de membro associado foi aprovada na Assembléia Geral em Oslo, a LiHS agora é membro associado da IHEU, no ano de 2011. Bem-vindos!

Até breve, Colin)

“Thanks! Went quickly through it, sounds great!
Dear Daniel,
I am very happy that LiHS did join IHEU! It means an important step forward in organising the Latin Americans
humanists. It will be an example for others to follow
Sonja”

(Obrigada! Após uma lida rápida, parece muito bom! Querido Daniel, estou muito feliz que a LiHS se juntou à IHEU! Significa um importante passo adiante na organização dos Humanistas Latinoamericanos. Será um exemplo para outros seguirem.

Sonja )