Catequização

A catequização – em termos gerais, valendo para qualquer religião – é uma forma brutal e escancarada de lavagem cerebral, e que, infelizmente, acaba lembrando a marcagem do gado por meio de ferro quente. Levando muitas vezes à ignorância e supressão do senso crítico, as sequelas dessa agressão vão mais além: criam soldados intolerantes e fanáticos, dispostos a morrer por uma crença, a qual nem ao menos pensaram sobre, pois ela é inquestionável.

Cria-se o conceito de que o batismo, catequese e a crisma são essenciais para a “formação moral” de crianças, quando, na verdade, todas essas intervenções funcionam como uma maneira de condicionar e preestabelecer preconceitos e noções distorcidas de ética (“Gays são pecadores” – “Somos todos uma grande família, a família cristã”). Mas talvez a pior de todas as consequências, seja o primeiro contato com algumas contradições religiosas e a primeira vez que é ouvida a assustadora frase “Deixe isso para lá, não pense nisso”.

A criança, no ápice do seu potencial de desenvolvimento crítico – pois ela está tentando compreender o mundo em que vive – é desestimulada a pensar não somente em questões religiosas, mas em vários outros aspectos.

E apesar de causar todos esses males, contraditoriamente, como só a religião e suas vertentes são capazes de ser, tudo isso é jogado na cara dos, agora já lobotomizados fiéis, cada vez que os pastores ditam as novas regras e os cordeiros, obedientemente, balem em concordância.

Seção “Colher de Chá” do Bule Voador

Pessoal,

 

como alguns de vcs já devem saber, temos uma coluna no Bule Voador chamada “Colher de Chá“, na qual publicamos textos enviados pelos leitores. Vários textos de leitores já foram publicados.

 

Quem quiser escrever textos sobre humanismo, secularismo, laicismo, direitos humanos, etc, sinta-se livre para nos enviar no bulevoador@gmail.com , tomando o cuidado de colocar no campo “assunto” do e-mail a expressão “Colher de Chá”, o nome do autor e o título do texto.

 

O Conselho de Mídia irá analisar os textos enviados, aprovando-os ou não (votação por maioria simples), a depender do atendimento dos nossos princípios e da nossa linha editorial. Aqueles que forem aprovados passarão ainda por uma revisão, a fim de corrigir eventuais pequenos erros ortográficos e/ou gramaticais, bem como para a realização de pequenas modificações textuais para melhor fluidez da leitura, caso necessário, sempre respeitando as ideias originais dos autores.

 

Abraço a todos

Carlos Orsi: Meu problema com a blasfêmia

http://carlosorsi.blogspot.com/2011/04/meu-problema-com-blasfemia.html

 

Antes que o título desta postagem cause algum mal-entendido: sou totalmente a favor da blasfêmia. Um dos itens que mais valorizo em minha biblioteca é a clássica edição da revista Free Inquiry que publicou todas — todas — as caricaturas dinamarquesas de Maomé que tanto furor causaram alguns anos atrás.

Amaldiçoar, sacanear e ridicularizar divindades é um passatempo antigo e honrado, que deveria ser declarado patrimônio da humanidade pela Unesco. Em linhas mais gerais, eu diria que uma ideia que não é capaz de sobreviver a uma sátira não era uma boa ideia, para começo de conversa.

Meu problema com a blasfêmia, que volta a incomodar por causa da recente onda de violência em reação a uma queima do Alcorão, é outro: por que uma divindade tão maravilhosa, fantástica, onipotente e fodesdástica como supostamente são os deuses que o povo gosta de adorar por aí haveria de se incomodar com sacanagens feitas por merdinhas como nós?


Digo, eu tenho poder de vida e morte sobre as formigas que frequentam a cozinha de meu apartamento. O que elas pensam de mim, no entanto, é totalmente irrelevante: eu as mato quanto elas se tornam um incômodo, mas se elas, por exemplo, leem este blog e detonam tudo o que eu escrevo, isso simplesmente não me interessa. O que me interessa é o fato de elas aparecem dentro do açucareiro!

Então, por que um ser todo-poderoso haveria de se incomodar com o que dizem ou pensam criaturas tão insignificantes como nós? Este é o meu problema com a blasfêmia: a própria noção milita contra a causa das pessoas que acham que blasfêmia é uma coisa grave.

O problema, curiosamente, desaparece se adotamos uma hipótese memética para explicar a religião: de acordo com essa hipótese, ideias como divindade, oração, culto, etc., não têm uma origem sobrenatural, mas são padrões de pensamento e comportamento que se propagam de cérebro em cérebro, de geração em geração, de forma análoga à transmissão biológica dos genes.

Se — trata-se apenas de um se — a divindade não é uma Coisa Real, mas apenas um meme, a reação violenta à blasfêmia, de certa forma, se justifica: o ridículo produzido por seres humanos certamente não significa nada para uma entidade todo-poderosa, mas é uma ameaça bem concreta para uma ideia de origem humana.

Seriam, então, as reações violentas à blasfêmia um sinal do reconhecimento da fragilidade da ideia atacada? Eis uma reflexão para o fim de semana.

(Na imagem, o Deus do Trovão, que nunca deu marteladas em blasfemadores)

O que um link sobre um livro provoca num religioso…

Trecho de uma conversa no msn após um twitt

TWITT -> Escritor inglês lança a “Bíblia humanista”, substituindo Deus por filosofia e ética http://pqp.vc/310k

Religioso – sem comentários. Como ele fez com o trecho de Apocalipse 22, 18-21? Ignorou?

Eu – “A graça de deus esteja com todos”? A intenção não foi reescrever a bíblia, e sim um livro com moral e ética sem tocar na religião.

Eu – sem entrar no campo da religião, ou seja, ele provavelmente ignorou a bíblia inteira…

Religioso – se ler a Bíblia sem substituições, independentemente de sua fé ou inexistência dela. Já é um guia moral. Não precisa alguém muda-la. =/

Religioso – ele não ignorou. Plagiou fazendo substituições para agradar aqueles que não acreditam em nada. Onde esta a moralidade nisso?

Eu – discordo fortemente, só serve de guia moral pra quem acredita nela e deixa de lado todas as contradições e outras bizarrices.

Eu – você leu para dizer q plagiou? Eu só li a matéria, achei interessante e comentei já a bíblia eu li, conheço e já estudei.

Eu – a bíblia manda bater em filhos, permite ter escravos de outros países, é homofobia e machista, só pra algumas citações.

Religioso – não é plagio? Usar o texto original, tirando partes, fazendo substituições, editando e alterando? Se tu fazes uma monografia assim, tu rodas!

Eu – ele não copiou a bíblia, ele fez uma estrutura similar, pelo q consta na matéria q compartilhei não fala nada sobre plagio.

Religioso – se tu falas isso, realmente leu, mas não estudou. Esses são argumentos que todo ateu usa.

Religioso – compreendendo a Bíblia tu vera que vários fatos eram específicos para determinadas épocas. Leia e compreenda-a.

Eu – já fui católico, apostólico, praticante, iam a grupos de jovens, reuniões, encontros, trabalhava na igreja, estudava a bíblia.

Religioso – não precisa falar. A matéria esta divulgando o livro, não iria
acusar. Vai da cabeça de quem lê. Tu como ateu jamais acharia isso ruim.

Eu – até que parei pra pensar e racionalizar tudo o que acreditava pq a razão é para alguns momentos e a fé pra outros?

Eu – como saber até onde usar a razão e onde começar a usar a fé? Isso foi uma jornada totalmente pessoal

Religioso – isso não quer dizer que a compreendeu. Mas olha, pra evitar o debate aqui e pelo bom convívio, não vamos falar mais de religião.

Eu – eu não li o livro e a matéria não fala de plagio, logo não posso afirmar nada. Mas foi a vida na igreja que me levou ao ateísmo

Religioso – como falei antes, o complicado de debater a religião com o ateu é que ele não acredita em nada, então pode acusar e fazer suposições.

Eu – só um detalhe sobre suposições, não são suposições são conclusões racionais a respeito da leitura, apenas sobre o q está escrito.

Religioso – a pessoa religiosa que acredita em algo, só se defende, não é uma argumentação justa. Não adianta, Tudo que eu disser não tem valor pra ti.

Religioso – sem provas pra ambos os lados, então são suposições. Não ha fato conclusivo e comprobatório. A fé só é prova pra quem acredita, então…

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Leitura Racional da bíblia = Suposição

Ateus só fazem atacar, quem começou atacando? falando de plágio?

Se eu continuasse cristão eu teria entendido a bíblia, porque a biblia não pode ser lida racionalmente, precisa usar a fé e contextualizar, porque naquela época bla bla blá e tem que ver como era na época e agora.

Porque é tão dificil fazer um religioso entender argumentos racionais a respeito da bíblia?

Porque comentar sobre algo que tente se desvencilhar da religião causa tal discussão?

E a melhor pergunta é: Qual a lógica religiosa para separar o que se usa a fé e o que se usa a razão pra pensar? (ôh legal, o papa disse é verdade, ô o professor disse será que é assim mesmo?)