O que é Humanismo? Declaração de Amsterdã 2002

Em 1952, no 1º Congresso Humanista Internacional, os fundadores da IHEU convergiram para uma declaração dos princípios fundamentais do humanismo moderno. Eles a chamaram de “Declaração de Amsterdã“. Esta declaração foi um fruto de seu tempo: situada no mundo da política de grandes poderes da Guerra Fria.
O Congresso Humanista Internacional marcando seu aniversário de 50 anos, em 2002, novamente realizado na Holanda, unanimemente homologou uma resolução atualizando a declaração: a “Declaração de Amsterdã 2002”. Em seguida ao Congresso, a declaração atualizada foi adotada por unanimidade pela Assembleia Geral da IHEU, e assim se tornou a declaração oficial de definição do humanismo global.

Declaração de Amsterdã 2002

O humanismo é o resultado de uma longa tradição de livre pensamento que foi inspirada por muitos dos grandes pensadores e artistas criativos do mundo, e deu origem à própria ciência.



Os fundamentos do humanismo moderno são os seguintes:


  1. O humanismo é ético. Ele afirma o valor, a dignidade e a autonomia do indivíduo e o direito de todo ser humano à maior liberdade possível compatível com os direitos dos outros. Humanistas têm um dever de cuidado para com toda a humanidade, incluindo gerações futuras. Humanistas acreditam que a moralidade é uma parte intrínseca da natureza humana, baseada no entendimento e na preocupação para com os outros, não necessitando de sanção externa.
  2. O humanismo é racional. Busca usar a ciência criativamente, não de forma destrutiva. Humanistas acreditam que as soluções para os problemas do mundo estão no pensamento e ação humanos em vez de na intervenção divina. O humanismo defende a aplicação de métodos de ciência e livre investigação para os problemas de bem-estar humano. Mas humanistas também acreditam que a aplicação da ciência de da tecnologia deve ser moderada por valores humanos. A ciência nos dá os meios mas valores humanos devem propor os fins. 
  3. O humanismo apoia a democracia e os direitos humanos. O humanismo visa ao mais pleno desenvolvimento possível para cada ser humano. Defende que a democracia e o desenvolvimento humano são questões de direito. Os princípios da democracia e dos direitos humanos podem ser aplicados a muitas relações humanas e não se restringem aos métodos de governo.
  4. O humanismo insiste que a liberdade pessoal deve ser combinada à responsabilidade social. O humanismo ousa construir um mundo sobre a ideia da pessoa livre responsável pela sociedade, e reconhece nossa dependência do mundo natural e nossa responsabilidade por ele. O humanismo é não-dogmático, e não impõe um credo a seus aderentes. É, assim, comprometido com a educação livre de doutrinação.
  5. O humanismo é uma resposta à demanda generalizada por uma alternativa à religião dogmática. As religiões majoritárias do mundo alegam ser baseadas em revelações fixas para todo o tempo, e muitas buscam impor suas mundivisões a toda a humanidade. O humanismo reconhece que o conhecimento confiável sobre o mundo e nós mesmos emerge através de um processo contínuo de observação, avaliação e revisão.
  6. O humanismo valoriza a criatividade artística e a imaginação e reconhece o poder transformador da arte. O humanismo afirma a importância da literatura, da música, e das artes visuais e performáticas para o desenvolvimento e plenitude pessoais.
  7. O humanismo é uma postura de vida com meta na máxima plenitude possível através do cultivo de um viver ético e criativo e oferece meios éticos e racionais de atentar-se para os desafios de nossos tempos. O humanismo pode ser um modo de vida para todos em todo lugar.
Nossa tarefa primária é conscientizar os seres humanos nos termos mais simples do que o humanismo pode significar para eles e de que comprometimentos ele implica. Ao utilizar a livre investigação, o poder da ciência e da imaginação criativa para o avanço da paz e a serviço da compaixão, temos confiança de que temos os meios de solucionar os problemas que confrontam a todos nós. Chamamos a todos que compartilham dessa convicção para se associarem a nós nesse esforço.
— Congresso da IHEU, 2002.

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