Sobre neo-ateísmo e religião

Eu fiz este post no meu blog pessoal (historikaos) explicando o porquê de eu ter me tornado ateu, comentei que fiquei feliz de ver vários ateus saindo do armário e etcetera.

Li este texto aqui do Renan: Por que não sou um neo-ateu, e ele aponta uma série de pontos que eu mesmo vinha questionando há um tempo atrás, principalmente quando comecei a me deparar com algumas idiotices que ateus e religiosos escreviam pelo twitter.

Enfim, concordo com algumas coisas e discordo de outras que ele disse, mas este post não é bem uma resposta, vou desenvolver alguns pensamentos não-lineares aqui.

A internet

A internet virou uma realidade, e até uma necessidade nos dias atuais, cada vez mais pessoas estão na rede.  Uma das coisas que mais agrada é a liberdade que você tem de poder escrever, falar e gravar aquilo que você quiser _ claro, existem as indicações informativas de conteúdo impróprio e talz, mas quase nada te impede de acessar.

Este instrumento vem sendo usado por várias pessoas para disseminarem suas opiniões acerca dos assuntos que mais lhe agradam.

Não só ateus, mas gente de todos os credos e gostos vem disseminando suas opiniões por aí. No youtube por exemplo, você encontra canais de todos os gostos. Tem muita gente talentosa ao passo que também tem gente que diz muita bobagem, mas faz parte, não se pode esperar coerência ou tolerância de todo mundo _ me incluo nisto vez e outra.

Religião e Ciência.


A religião faz mais mal do que bem, na minha opinião. Estudos mostram que acreditar em deus pode fazer bem para saúde, mas outros estudos apontam que não faz bem para o intelecto.

Crer em algo pode te dar forças para superar algumas adversidades, aquelas em que o fator psicológico é fundamental _ tipo um placebo. É bom para o agrupamento em sociedade _ pessoas que tem os mesmos interesses _ e nas religiões onde de fato se prega a bondade, a tolerância, as pessoas tendem a ser mais tranquilas.

O problema mora nas doutrinas. A religião impõe procedimentos para que as pessoas possam alcançar a salvação, o divino ou livrar-se das reencarnações. Estas práticas refletem na sociedade indubitavelmente.

Por exemplo, a igreja católica é contra a união homoafetiva, ela vai pregar isso dentro de seu templo como uma espécie de regra e espera que seus fiéis cumpram estas regras _ sejam contra e se manifestem desta maneira. Ou seja, em nome de uma posição religiosa as pessoas se colocarão contra, porque a igreja, que prega a palavra do seu deus, ordenou. 

Se você for Testemunha de Jeová e precisar de transfusão de sangue para viver, você vai morrer! Por que a religião não permite! Ao menos que você coloque sua vida acima da crença _ que é o mais inteligente de se fazer. Mas se você for criança vai depender que a justiça decida o caso.

O papa foi para África dizer para as pessoas não usarem camisinha, pregou a abstinência e o sexo só após o casamento. Em que mundo ele vive? As pessoas não vão parar de fazer sexo só porque a igreja pediu, aquele povo está na miséria, eles sabem o quanto o mundo se importa com eles. Agora pedir que não usem camisinha é um desserviço, eu diria um crime, contra a saúde destas pessoas.

Estes são apenas alguns exemplos de como a imposição religiosa faz mal sim. E a religião sem sua imposição, sem seus dogmas perde muito de seu propósito.

A maioria das pessoas acham que precisam acreditar em algo maior para que sua vida tenha sentido. A história mostra esta necessidade de um porquê em várias civilizações, inclusive os gregos a quem tanto os admiramos por suas ideias.

Tales de Mileto (624 AC – 546 AC) é considerado o primeiro filósofo ocidental, o primeiro que sabemos que olhou para os acontecimentos da natureza e pensou algo como “Isto não é coisa dos deuses, é natural”. 

Esta forma desafiadora de duvidar das divindades, do sobrenatural, dos mitos, e tentar explicar a natureza é a base do pensamento científico, e ele é sem dúvida essencial para o desenvolvimento humano.

Reação neo-ateísta

Eu vejo o neo-ateísmo como um movimento de reação aos abusos religiosos que permeiam nossa sociedade há anos. Eles estavam em silêncio e agora, graças a internet não vão se calar nunca mais _ assim espero!

Considero o movimento válido e que coloca o dedo na ferida de todos os religiosos, colocando a prova suas crenças e ritos, além de questionar sua posição na sociedade.

Os estados laicos vem sofrendo tentativas seguidas de serem transformados aos poucos em estados teocráticos. Parecem não entender que o estado tem que ser separado da religião para que ele atenda de forma justa, toda a pluralidade de crenças existente.

Outra reclamação é a tentativa incansável dos criacionistas de tentarem colocar deus no centro da ciência. Já se tornou ridículo inclusive, eles até mudaram de nome para design inteligente _ que é a mesma porcaria _ para tentar uma nova abordagem.

Por estas e outras a reação neo-ateísta é válida. Ninguém tem que se calar diante dos absurdos que são ditos por aí, acho que já chegou a hora de dizer, chega!

Divergências

Agora, será que criar esta polarização ateísmo x teísmo é bom?

Será que dessa rusga não podem sair coisas feias?

Costumamos ver homossexuais sendo agredidos, países de diferentes credos se borbardeando e torcidas rivais se enfrentando nas ruas. Não será que talvez as coisas cheguem a um patamar parecido?

É ridículo pensar em pessoas brigando porque uma acredita em deus e outra não, mas, brigar por times de futebol não é igualmente ridículo?

A cada novo video, post, tweet ou algo parecido sempre mais pessoas além de não concordar, se irritam ao ver suas crenças sendo questionadas _ masoquismo intelectual _ e podem internalizar esta raiva aos poucos, criando uma pré-indisposição com o outro lado. Esta pré-indisposição pode se tornar discriminação com o passar do tempo, ou seja, reflexo negativo no convívio social.

Pode… é uma suposição, espero que não.

Tao

Qual será o caminho?

Evitar o ataque?

Deixar que a religião continue tentando sua cruzada de conversão mundial e se calar?

Deixar que a religião continue perdendo sua credibilidade até ela se reduzir a sua insignificância?

Incentivar mais ainda o debate?

Fortalecer a educação e o pensamento crítico?

Espalhar a ciência e a vontade pelo conhecimento?

Ficam aí as dúvidas…

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