Sobre os recentes acontecimentos envolvendo o Bule Voador

A LiHS nasceu há pouco mais de 2 anos e já congrega 1.650 membros e milhares de simpatizantes pelas redes sociais.
Recentemente, alguns episódios ficaram sem a devida explicação oficial, gerando um mal estar mesmo entre as pessoas mais importantes para a organização: seus membros e participantes do Bule Voador e redes sociais.
Como forma de prestar um esclarecimento, vem os editores e diretores da LiHS, a Diretoria Geral ocupada por Daniel Oliveira e a Presidência nas pessoas de Eli Vieira e Asa Heuser, sua vice, informar:
1 – a LiHS sempre recebeu e sempre receberá de braços abertos ateus e agnósticos de todos os tipos. Desde aqueles que não ligam para debates e discussões, até os que se engajam em dissertações acadêmicas sobre o tema. Provemos notícias àqueles que apenas querem se informar sobre religião e ateísmo pelo mundo, como também provemos substrato filosófico àqueles que gostam de debater e discutir o tema. Não obstante, para dar um exemplo prático e recente, temos muitos integrantes que consideram pequenas as questões de definições filosóficas sobre ateísmo em relação ao resto do trabalho que pretendemos fazer.
2 – o sistema de comentários do Bule Voador passou por sérios problemas. Diversos comentários, inclusive dos diretores da LiHS, não foram gravados nos bancos de dados do site. Houve uma medida para tentar resolver o problema e o mesmo está sob observação.Não censuramos comentários minimamente educados, ainda que radicalmente contra o conteúdo de posts ou de outros comentários. Censuramos apenas o proselitismo religioso e comentários feitos apenas com o intuito de agredir ou tumultuar (vulgo “trolls”). Qualquer denúncia pode e deve ser encaminhada ao e-mail do Bule (bulevoador@gmail.com), que é administrado coletivamente pelos diretores da LiHS.
3 – Não pretendemos, em nenhum aspecto, classificar, ranquear, segregar ou discriminar ateus e agnósticos. Temos plena consciência de que compartilhamos muitos mais interesses comuns do que diferenças. Queremos que todos trabalhem em prol de um mundo mais secular. Incentivamos, assim, um ativismo por uma agenda humanista e secular. Mas não detratamos aqueles que se reservam no pleno direito de se manter de fora desta luta.
4 – Há espaço na LiHS e no Bule Voador para ateus, agnósticos e mesmo para religiosos. Queremos aproximar as pessoas, nunca o contrário. Mostramos que é possível conviver com religiosos moderados, tanto quanto mostramos a barbárie dos fundamentalistas e o avanço perigoso destes sobre os governos.
5 – Somos uma organização democrática, pluralista e racionalista. Temos entre nossos membros desde ferrenhos defensores dos direitos humanos, até simpatizantes da pena de morte. Temos membros sem nenhuma formação acadêmica, até mestres e doutores em psicologia, biologia, engenharia e direito. Esse universo com diferentes visões sobre os fatos é o que, coletivamente, pode e deve ser considerado a Liga Humanista Secular do Brasil. Mas, principalmente, seus membros, comentaristas e participantes de redes sociais. São eles quem, juntos, dão vida à LiHS. São nossos membros mais valiosos e que merecem o nosso mais profundo respeito.
6 – Entendemos que ideias, opiniões e posicionamentos, independentemente de onde venham, podem (e às vezes devem) ser questionados e criticados de forma racional, não importando se venham de ateus ou de religiosos. Todavia, isso não significa que queiramos impor a quem quer que seja uma visão de mundo. Estamos abertos a críticas e nos sentimos no direito de criticar quem torna pública suas opiniões.
7 – Colaboradores da LiHS podem, eventualmente, entrar em discordância entre si, bem como entre os comentaristas. Isso é a prova mais contundente que prezamos pela liberdade de expressão, respeitamos às diferenças e o contraditório. Excessos eventualmente cometidos provam, além de tudo, que somos humanos e, assim sendo, sujeito à falhas. Nos policiamos constantemente, contudo, para que os ambientes ligados à LiHS sejam o mais encorajadores possíveis ao diálogo, ao respeito às diferenças, ao pluralismo de ideias e ao crescimento de todos os membros.
Subscrevem os diretores:
Eduardo Patriota Gusmão Soares
Meire Gomes

Shirley Galdino
Tiago Angelo
Pedro Almeida
Alex Rodrigues do Nascimento
Daniel Martin
Alexandre Marcati

O problema do mal – Um deus evolucionário

O problema do mal – Um deus evolucionário

The Problem of Evil – An Evolutionary God

“Muitas descrições dos deuses teísticos se baseiam em várias das seguintes características: benevolência perfeita, amor perfeito, justiça perfeita, bondade perfeita, onipotência, onisciência e outras. Não se pode reconciliar estas características com as características da realidade. Se um deus teístico criou tudo, então o mal tem que ser não somente permitdo por Deus, mas também ter sido criado por Ele. Postular seres maus (demônios, Satanás, espíritos malignos, etc.) não nega isto, porque estes seres são criações de Deus, se aceita que Deus é a única fonte de tudo que existe.”

“Many descriptions of theistic deities are based on many of the following characteristics: perfect benevolence, perfect love, perfect justice, perfect goodness, omnipotence, omniscience, and others. One cannot reconcile these characteristics with the nature of reality. If a theistic god created everything, then evil must not only be permitted by God, but also created by God. Postulating evil beings (devils, Satan, evil spirits, etc.) does not negate this, because those beings must be able to be traced back to the creative work of God if one accepts God as the source of all that is.”

Continuar em português: http://linceano.com/problema-do-mal-08/
Continue in English: http://linceano.com/problem-of-evil-08/
Continuar en español: http://linceano.com/problema-del-mal-08/

As explicações do mal dos cristãos liberais: São melhores que as explicações dos fundamentalists?

As explicações do mal dos cristãos liberais: São melhores que as explicações dos fundamentalists?

Liberal Christian Explanations of Evil: Are they really any better than the fundamentalist explanations?

“Uma aproximação mais otimista, idealista e atraente ao problema é o conceito da evolução como processo criativo divino que resulta em diversidade quase infinita, converte da morte à vida, transforma do caos à ordem, muda da simplicidade à complexidade e permite que a destruição resulte na recriação. […] Porém, este argumento não soluciona o problema do mal natural; em vez de oferecer uma solução, este argumento simplesmente ignora os efeitos negativos e enfoca nos efeitos positivos. A existência dos aspectos bons da evolução não negam a existência dos aspectos negativos.”

“A more optimistic, idealistic, and appealing approach to the issue is to think of evolution as a process of divine creativity that results in nearly infinite diversity, turns death to life, transforms chaos into order, changes simplicity into complexity, and permits destruction to result in recreation. […] However, this argument does very little to answer the problem of natural evil; instead, it simply ignores the negative effects and focuses only on the positive effects. The existence of good aspects of evolution does not negate the existence of its negative aspects.”



Continuar em português: http://linceano.com/problema-do-mal-07
Continue in English: http://linceano.com/problem-of-evil-07
Continuar en español: http://linceano.com/problema-del-mal-07

Relato da Participação no World Humanist Congress de Oslo 2011

Por Daniel Martin, diretor de relações internacionais da LiHS (agosto/2011).

Chegada em Oslo
Cheguei no aeroporto da capital norueguesa no domingo a noite, apos uma viagem um pouco cansativa (troca de voo em Hamburgo, Alemanha). Estava chovendo. Logo procurei um meio de transporte para o centro da cidade, e encontrei um trem de alta velocidade que me deixaria na Estação central de Oslo, a alluma quadras do hotel. Nerd confesso, liguei o GPS para saber a velocidade do trem: maxima de 211 km/h. Chegando, comi um sanduiche na estação e fui para o hotel preparar a apresentação e descansar.

A General Assembly 2011

Chegando no local do congresso, fui recebido pelo sr. Colin Divens, que me passou algumas informações: eu iria participar da Assembléia Geral da IHEU, instituição que a LiHS passou a fazer parte em julho deste ano. Tinhamos direito a um assento nesta assembléia. Ele então me passou um documento (em formato eletrônico, em anexo) e a senha para abrir o mesmo. Além disso, me deu um cartão verde, que daria direito a falar na Assembléia, mas não daria direito a voto (o cartão vermelho daria direito a voto). Eu disse também que eu tinha disponível uma apresentação em .ppt, caso fosse me dado à palavra. Ele falou que provavelmente não haveria tempo para esse tipo de apresentação na assembléia, mas se interessou bastante pelo material, que foi posteriormente enviado por e-mail.
A assembléia começa, e apos rapidas apresentações iniciais, segue discudindo questões institucionais e administrativas, além de orientações as instituições-membros.

Topicos discutidos neste dia:

– Constitutional changes discussion and votes · Foi votada a participação de algumas instituições (lista estara disponivel em documento posterior).
· Alguns membros se manifestaram, sobre os seguintes topicos:
§ A taxa de 100 libras, alguns alegam que é caro demais para varios paises. Outros alegaram que é para ser mais flexivel.
§ Quais organizacoes podem fazer parte? Quais os valores a organização deve ter para ser aceita no guarda-chuva da IHEU?
§ Um delegado francês disse que a palavra “Humanista” é generica demais e envolve praticamente tudo, por isso eles nao a usam.
§ A discussao continua, sobre aceitar a instituicao se ela tem ou nao “humanista” ou “ateista” no nome, o quanto isso è importante, etc.. as opinioes, no geral, sao de que o nome nao è tao importante, desde que
os valores estejam alinhados com os valores da IHEU. Sobre esse ponto especifico, houve uma discussão posterior detalhada no proximo topico.
Policy resolutions from the Congress
· Resolucao adotada pelo congresso: combate à corrupção!
§ Durante o congresso, um dos temas mais debatidos foi o combate à corrupção, e os danos causados pela corrupção no sentido de dificultar o acesso das pessoas aos direitos humanos.
§ Sobre esse e outros assuntos, vamos aguardar material posterior. Os contatos criados nascidos dessa nossa iniciativa permitirão o acesso à mais informações.
§ Em todos os topicos questionou-se se alguém gostaria de se manifestar, contra ou a favor. Neste ninguém se manifestou contra.
Resolução: non-religious people in military
§ Delegado da Military Association of Atheists & Freethinkers falou um pouco sobre a realidade enfrentada pelos militares nos EUA, onde é obrigatorio ter capelões no exército.
§ Discutiu-se alguns pontos contra e a favor, principalmente sobre a necessidade do militar de um apoio na horas dificeis.
– Presentation from candidates for election to the EC +
· election by acclamation, ou seja, apenas verificou-se se havia alguém contra:
§ Susan Sackett
§ Ron Solomon
Date and venue of 2012 GA: Friday 2 August 2012 and Sunday 5 August (afternoon), with a
conference on Saturday 3 and morning of Sunday 5 August in Montreal, Canada.
– Alguns pontos que não consegui encaixar nos tópicos acima:
(sei que alguns comentários parecem meio fora do contexto… mas não me levem a mal, foi apenas minha ânsia de querer copiar tudo, ou seja, não perder nenhum detalhe do que estava sendo falado lá).
Alguém levantou a questão sobre o direito de protestar contra a violação dos direitos humanos, nem sempre respeitado e que deve ser garantido (houve uma crítica à ONU, de não citados 3 países membros)
– Algo foi dito sobre a Guerra na Somália (que tem acontecido por muitos anos)
– Outro participante perguntou qual o propósito dessa declaração (durante o congresso foi debatida a criação de um documento onde haviam alguns conceitos, como o conceito de PAZ, HUMANISMO, etc.):
o Foi respondido que a razão principal é ter uma base para, por exemplo, quando uma instituicao usa a palavra PAZ, todos sabem exatamente do que se estao falando.
o (comentário meu: a primeira vista, o tema pode parecer irrelevante. Mas acho extremamente importante o tema, inclusive sugerindo para nós, LiHS, que usemos um pouco do nosso tempo definindo alguns conceitos – a própria palavra HUMANISMO, por exemplo – para quando qualquer um se referir à ela sabermos exatamente do que estamos falando)
– Foi falado das MARCHAS PARA ESTADO LAICO, que acontecerão na Europa, mas que eles não têm números exatos, nem locais exatos. O secretário falou para comparecer nas marchas, enviar datas e numeros de pessoas para o email da IHEU para a divulgação e contagem, diante da dificuldade de obter numeros exatos na maioria dos países. Isso acontece pelo simples fato de que nem todos os eventos humanistas são organizados por instituições ligadas à IHEU. Ao mesmo tempo, é interessante saber que eles estão muito receptivos com
as informações vindas do Brasil.
– Uma senhora falou que há uma iniciativa (nos EUA) de traduzir textos e informações humanistas e seculares, nao so para o Inglês, mas para o Árabe também.
– A presidente encerra a sessão, agradecendo à todos, à um americando chamado Jules, pelos 3 ultimos anos de trabalho (ela comenta o fato dele ser de NY mas morar em Las Vegas…), e pede que visitemos todos os dias o website, para conferir as noticias.

Pós-assembléia

Logo após o fim da assembléia, procurei fazer contatos e conversar com as pessoas. Conversei com a Sonja Eggerickx, presidente da IHEU, com o Colin e mais algumas pessoas. Não foi muito fácil, pois estavam rodeados por todos os delegados ali presentes, cada um disputando a atenção da diretoria.
Tive a oportunidade de falar, à pequenos grupos de cada vez, sobre a nossa situação brasileira: o fato de sermos os grupo mais odiado, do país ser extremamente religioso, das nossas ações como a luta à favor da liberdade de aborto, do combate à homofobia, dia do orgulho hétero, do nosso rápido crescimento (da LiHS), do nosso esforço em divulgar informações e conhecimento, protesto contra apedrejamento, etc.. enfim, falei sobre bastante coisas, o que a memória permitiu falar naquele momento, e graças ao material que eu tinha estudado alguns dias antes.
Algumas coisas que marcaram:
• Como sempre, as pessoas se interessavam e abriam um grande sorriso quando eu dizia que era do Brasil.
• Ao mesmo tempo, todos me falaram da palestra do dia anterior sobre corrupção (Organized Civil Society in Promoting Just Global Governance – The Example of Fighting International Corruption, por Peter Eigen da Transparency International). Aliás, foi falada também durante à assembléia. Triste saber que nosso país é tão atingido por esse mal, mas melhor expor a ferida para poder melhor tratá-la.
• Ainda, discutimos bastante como a corrupção afeta o acesso das pessoas aos seus direitos (desde coisas simples como saúde pública, saneamento básico e educação até infra-estrutura de transporte, moradia e bens de consumo).
Quando eu falei que a Câmara de SP tinha votado um “dia do orgulho hétero”, as reações eram SEMPRE exageradas: gargalhadas, gritos (algo como “WTF??!!?!? Are you kidding me?”) e faces assombradas. As pessoas simplesmente tinham dificuldade de acreditar no absurdo disso.
• O grande número de membros da LiHS e o rápido crescimento deixaram todos com um belo sorriso, bastante impressionados. Disse que era graças ao nosso trabalho sério e transparente, divulgação nos meios eletrônicos. Disse também que uma das nossas missões era levar informação e conhecimento às pessoas, e estávamos tendo bastante sucesso nesse ponto, mas que procuramos trabalhar cada vez mais, afinal é um país imenso, ainda há muito trabalho à fazer.

Depois do evento.

Após o fim dos contatos, quando a maioria das pessoas já havia saído, voltei ao hotel para um descanso, deixar computador e papéis (que acabei nem usando para anotações), troquei de roupa e saí para uma caminhada na cidade, apesar da ainda presente chuva.
Oslo é uma cidade bastante cara (mesmo para padrões europeus), mas é muito bonita, as pessoas são simpáticas (para padrões europeus, haha) e quase todas falam inglês, o que facilitou bastante a comunicação.
Visitei o local onde aconteceram os atentados. Aliás, apenas de longe, pois estava tudo cercado pela polícia, para imagino permitir tranquilidade aos trabalhos. É impressionantemente triste ver isso. Aliás, ficava a apenas duas quadras do local onde foi o Congresso, e algumas janelas do local foram atingidas. Muitos vidros quebrados, mesmo sem vista direta para o local onde estava a bomba, devido ao “reflexo” da explosão.
Não me perguntem o porquê, mas a maioria das homenagens estava sendo feita no pátio de uma igreja (Catedral de Oslo – Luterana) à algumas quadras do local da explosão.
Visitei também o Nobel Institute, onde é entregue todo ano o Prêmio Nobel da Paz, e a sede da Norwegian Humanist Association (Norwegian: Human-Etisk Forbund, HEF), a maior associação Humanista Secular do mundo (estava fechada no dia, por conta do congresso).
A noite escrevi o e-mail para o Colin (mas acabou sendo enviado somente na terça), e agora a pouco recebi (com cópia para a Diretoria da LiHS) a gratificante resposta dele e da presidente da IHEU (copio abaixo), fato que por si só fez valer a pena essa pequena jornada, não só minha, mas de toda a LiHS, ao World Humanist Congress em Oslo 2011.

Anexo: e-mails do Colin Divens e da Sonja Eggerickx:

“Hi Daniel,
Great to meet you in Oslo at the World Humanist Congress; we are really pleased that LiHS was represented there.
Thank you for sending through the very comprehensive and informative presentation on your organisation, as discussed. I have copied Sonja into my reply, so that she can view it too.
As your associate membership application was approved by the IHEU General Assembly in Oslo, LiHS is now an associate member of IHEU, in good standing 2011. Welcome!
Speak soon,
Colin Divens
International Humanist and Ethical Union

(Olá Daniel, foi bom te encontrar em Oslo no Congresso Humanista Mundial; nós estamos realmente felizes que a LiHS foi representada lá. Obrigado por ter mandado a apresentação muito compreensível e informativa, como nós háviamos combinado. Copiei Sonja na resposta, assim ela pode ver também. Como a sua aplicação de membro associado foi aprovada na Assembléia Geral em Oslo, a LiHS agora é membro associado da IHEU, no ano de 2011. Bem-vindos!

Até breve, Colin)

“Thanks! Went quickly through it, sounds great!
Dear Daniel,
I am very happy that LiHS did join IHEU! It means an important step forward in organising the Latin Americans
humanists. It will be an example for others to follow
Sonja”

(Obrigada! Após uma lida rápida, parece muito bom! Querido Daniel, estou muito feliz que a LiHS se juntou à IHEU! Significa um importante passo adiante na organização dos Humanistas Latinoamericanos. Será um exemplo para outros seguirem.

Sonja )