Artigos ateistas (Dica)

Funçando no google ontem achei um site muito interessante que contém vários artigos de autores famosos como Dawkins, Sagan, Asimov, Saramago e muitos outros. Eu ainda não conhecia, mas estou divulgando para que mais pessoas conhecam, basta clicar aqui.

Papel da comunidade escolar _ Parte III

 

                                               Blog Preso por Fora

Parte I AQUI

Parte II AQUI

 

 

         Depois de contextualizado sobre como acontece educação, sendo de forma direta ou indireta, segundo minha perspectiva depois lido alguns, depois também de falado na primeira parte do que acho que a educação pode fazer, agora falarei sobre Educação & Política. Após esse texto de agora, depois dessas pequenas contextualizações, na parte IV iremos finalmente nos ater, interligadamente a esses outros aspectos que estou colocando em voga, sobre o Papel da comunidade escolar.

 

         Pois bem, por via de regra estamos em um país democrático, sim, todos podem votar. Mas fica a pergunta- algo que não falta: seriam esses votos, votos esclarecidos e conscientes? Estariam todos, ou a maioria, providos de um senso crítico para escolher candidatos e partidos com ideologias fidedignas a justiça e a solidariedade? Tendo em vista que a educação brasileira tem andado em um péssimo nível, 88º no Ranking mundial de educação de 127 países, creio piamente que os critérios de voto serão inconsistentes e, por conseguinte tais votos irão para políticos sanguessugas e boçais, o que por sua vez, fará com que a educação em nosso país continue em maus lençóis; fazendo com que se mantenha este ciclo vicioso. Parece sem fim, não é?

 

          É interessante tal e horrenda situação, obviamente, para os que estão no poder e, no poder, não digo apenas políticos, mas o 10% dos ricos de nosso país que possuem 70% do PIB brasileiro, de 1% de proprietários no Brasil que têm para si 50% das terras nacionais, enfim, é interessante para esses políticos tal situação que parece sem fim. É interessante para esses “Senhores Feudais” de nossa terra a manutenção da estrutura social que serve de massa de manobra para a sustentação da elite. Pois convenhamos, alguém consegue ficar rico trabalhando sozinho? Bom, manutenção que digo, é restrito ao sentido de que é necessário para alta burguesia manter esta camada da sociedade sempre no mesmo lugar. Oras, pergunto novamente: se não conseguirem manter tal classe social, quem trabalhará para a elite? Quem limpará suas casas? Quem consertará seus carros? Quem trocará as fraudas de seus filhos? Não hesito em responder que com certeza a elite não fará esses serviços, nem conseguirá manter sua fortuna trabalhando sozinho!

 

                                                                                       Louis Althusser

 

Althusser distingue no Estado os Aparelhos Repressivos de Estado- o governo, a administração, o exército, a polícia, os tribunais, as prisões, etc.- e os aparelhos Ideológicos de Estado (AIE) que ele enumera provisoriamente da seguinte forma:

 

* Aparelho Ideológico de Estado religioso

*AIE jurídico

*AIE escolar

*AIE político

*AIE sindical

*AIE de informação (rádio, televisão, etc)

*AIE cultural

 

        Demerval Saviani em “Escola e democracia”

 

         Sendo, segundo Louis Althusser, a escola, um Aparelho Ideológico de Estado, isto é, um meio pelo qual o Estado, a classe dominante, aquela que tem posse dos meios de produção e das mídias de massas, impregna sua ideologia na classe oprimida. O capítulo “Justificativa da Pedagogia do Oprimido” do livro Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire deixa claro que quando o oprimido não mais quer ser oprimido, vê como única saída, ser opressor. Nossas novelas estão ricas desses exemplos. Saviani chega a conclusão de que ao querer mudar o Estado pela Educação, acaba por fortalecê-lo, e não por fragmentá-lo e dilacerá-lo, pois sendo o Estado a serviço, não do povo, mas da classe dominante, acaba tendo poder econômico a fim de usá-lo para manter a estrutura. Sarcasticamente o “poder” através do imposto oprime o povo para sustentar a si mesmo e usa o povo militarmente, com o dinheiro do povo, contra o próprio povo, para continuar a, em nome da lei, extorquir o povo com o objetivo de fazer o povo deixar de ser povo. Por fim, o oprimido – o povo-, de modo inconsciente manifesta sua anônima revolta, anônima até para si mesmo, em um estádio gritando “gol”. O Estado controla ideologicamente por via econômica, segundo o que apraz o seu núcleo de sustentação.

 

                                                                                    Demerval Saviani

 

         Para Saviani, uma forma justa e radical do desenvolvimento da educação seria pois, pela mudança do que mais impede o seu crescimento: a mudança da economia liberal pela a economia solidária! Para Marx, a mudança do País deve acontecer simultaneamente. Com intervenção simultânea pela economia e educação.

 

         Demerval Saviani ao prosseguir citando Louis Althusser a respeito do entendimento de Aparelho Ideológico de Estado, escreve:

 

“Como ‘Aparelho Ideológico de Estado’ dominante, vale dizer que a escola constitui o instrumento mais acabado de reprodução das relações de produção do tipo capitalista. Para isso, ela toma a si todas as crianças de todas as classes sociais e lhes inculca durante anos a fio de audiência obrigatória, ‘saberes políticos’ envolvidos na ideologia dominante”

 

      

 

        Quem assistir o documentário “Paulo Freire contemporâneo” será surpreendido pelo depoimento de ex-alunas (os) de Paulo Freire que diz que na época da ditadura, alunas (os) foram presos enquanto aprendiam a ler. Entende-se pois, então, que a escola, dependendo de quem está no poder e de como se estrutura o processo de poder, a escola poderá ser o mais perigoso Aparelho Ideológico de Estado. Estará páreo a páreo com as mídias de massa. Pois é certo que crianças passam tanto horas na televisão ou ates mais que na escola. Destas afirmações é que muitos podem levantar questões como:

 

Professores, diretores e outros profissionais da educação não têm consciência própria?São assim tão manipulados pelo Estado? A auto-gestão nos colégios públicos não seria uma arma contra os interesses governamentais? Não é minha intenção responder nesta série de IV partes este assunto, poderá ser destacado, tal assunto em uma próxima vez. Todavia, esforce-se em indagar-se sobre, por exemplo:

 

Qual a disponibilização da maioria de prefeituras e estados a respeito de verbas que proporcionem condições melhores de trabalho? Com o passar dos anos, turmas lotadas e baixo salários não enfadariam um professor, mesmo que esforçado? Turma lotada não conotaria em uso maior da voz, o que pode resultar em alguma doença nas cordas vocais? Conhece algum professor ou já ouviu falar que se aposentou antecipadamente através de laudos psiquiátricos? Eu conheço e já ouvi falar! Continue se indagando…

 

Pós ditadura brasileira, tempo em que eu não vivi, profissionais da educação, que sabe-se, foram muito reprimidos, e outros profissionais estão enfadados de política, caem no engano de que a educação é politicamente neutra, de que não há ideologia em tendências pedagógicas, ou de que não há tendências e filosofias pedagógicas que favoreçam ideologias políticas. Enganam-se, pois direta ou indiretamente a forma de ensino dos tais, se não se preocuparem, estarão imbuída de ideologia vigente.

 

“Quem, melhor que os oprimidos, se encontrará preparado para entender o significado terrível de uma sociedade opressora? Quem sentirá, melhor que eles, os efeitos da opressão? Quem, mais que eles, para ir compreendendo a necessidade da libertação? Libertação a que não chegarão pelo acaso, mas ela práxis de sua busca; pelo conhecimento e reconhecimento da necessidade de lutar por ela.  

                        Paulo Freire em Pedagogia do Oprimido

 

“Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão.”

                        Paulo Freire em Pedagogia do Oprimido.

 

 

 

 

 

 

 

                  Paulo Freire

 

                                                  Lucas Gonzaga

Liberdade e impulsos: crítica da liberdade como dominação.

Por Márcia:


Para Nietzsche, há dois tipos de pessoas: as que são fortes como aves de rapina e as que são fracas como ovelhas. As aves de rapina também são chamadas de fortes, senhores, nobres e as ovelhas são chamadas de fracas, escravas, ressentidas. As aves de rapina têm força para realizarem aquilo que querem e, se tiverem o desejo de capturar ovelhas, elas conseguirão se impor, afinal são mais fortes. Já as ovelhas, para se defenderem, farão com que a força das aves de rapina não se manifeste, darão um “golpe de mestre”[3] e enganarão as aves de rapina com uma “fábrica de mentiras”[4]: a impotência passa a ser considerada virtude e bondade, a fraqueza passa a ser considerada mérito. As ovelhas fazem as aves de rapina acreditarem em um reino de Deus, onde seriam punidas caso efetivassem sua força.
Como há dois tipos de pessoas, há dois tipos de moral: como os fortes dizem sim a si mesmos, vêem-se como bons, como fortes, e desprezam as ovelhas, já que são seres fracos, ruins. Já as ovelhas, dizem não a um outro, consideram-no mau e desejam vingança. Isto é, as ovelhas inverteram os valores e dominaram as aves de rapina com a moral socrática e com o cristianismo. Criaram o reino de Deus para punirem e vingarem-se dos que insistirem em efetivar suas forças, usaram a moral como forma de dominar as aves de rapina.
As ovelhas dizem: “Você é uma ave de rapina, mas é livre para não usar sua força, é livre para não cometer o erro de agir de acordo com sua natureza, é livre para não ser uma ave de rapina. Caso nos devore, será punida no reino de Deus”! Isto é, pecamos, mas somos livres para expiar e pagar nossa culpa; desrespeitamos as normas, mas somos livres para pagarmos a dívida. A liberdade aparece como meio de submissão das aves de rapina às ovelhas, estas sustentam a crença de que “o forte é livre para ser fraco, e ave de rapina livre para ser ovelha”