Moral secular X Moral religiosa

Nos dias de hoje a humanidade já acumulou um volume de conhecimento impossível de ser imaginado pelas civilizações precedentes. O mundo hoje tem uma economia globaliza onde aviões cruzam os céus, milhares de vezes por dia, levando pessoas de um lado a outro do planeta. A TV, o rádio e a Internet nos apresentam os fatos poucos minutos após eles terem acontecido. Assim sabemos sobre os conflitos na Síria, Líbia e Arábia Saudita, sobre o Tsunami no Japão e a Morte de Bin Ladem quase que instantaneamente. Sabemos todos como as doenças são transmitidas, o que causa os tremores de terra, o porquê das estações do ano, o que é um eclipse, quando ele vai acontecer e até mesmo de onde poderá ser visto. Estamos acostumados a ouvir falar sobre transplantes de coração, clonagens e organismos geneticamente modificados. O conteúdo de toda a biblioteca de Alexandria, que no século I reunia praticamente todo o conhecimento adquirido até então, pode hoje em dia ser facilmente armazenado em um laptop. Sendo assim, por menos instruído que alguém possa ser em 2011, qualquer pessoa que você conheça -que saiba ler e usar um computador- sabe mais sobre as coisas e tem uma visão do mundo, e das relações interpessoais, muito menos obtusa e limitada, que a visão que tinha Abraão, Moisés, Jesus ou Maomé. Como é então que existe gente que acha mais justificável, recomendável e até nobre, seguir uma moral tão limitada quanto a moral da Bíblia e fechar os olhos à razão e à moral do século XXI?

Jeronimo Freitas

Um ateu na igreja…

Como é do conhecimento de quem já leu a entrevista que o Bule Voador fez comigo, fui pastor batista (entre outras coisas… hehehe) e há quase 8 anos tenho pensado e vivido ateu (não à toa…hehehe… piadinha infame!).

 

Quem não viu, confira aqui: http://bulevoador.haaan.com/2011/01/19677

 

Dia desses estava pensando sobre como é bom ter posicionamentos claros sempre que possível, mas transitar por qualquer ambiente e lidar com qualquer pessoa, apesar das divergências e independentemente de quaisquer alianças, ainda que estas possam ser efetivadas em algum terreno comum, desde que se queira. Explico:

 

Nos últimos dois anos, fui convidado quatro vezes para falar numa comunidade cristã chamada Comunidade Betel (Botafogo – Rio de Janeiro). Em todas as palestras contemplei o ateísmo de alguma forma, sendo que numa delas o Rev. Marcio Retamero pediu-me que falasse exclusivamente sobre ateísmo. Pasmem! Um ex-pastor agora ateu falando de ateísmo diante de uma congregação de crentes em deus. E foi um bate-papo fantástico! O encontro mais recente em Betel incluiu uma noite de autógrafos para o livro Em Busca de Mim Mesmo, o qual tem conteúdo ateu explícito… hehehe  E mesmo assim, muita gente comprou.

 

Em 2010 e 2011, estive no maior congresso ecumênico do Brasil (sem vínculo com alguma denominação): O Encontro para a Nova Consciência. No encontro de 2010 fiz duas palestras: uma para homoafetivos e outra para ateus e agnósticos. Em 2011, foram três: uma para homoafetivos novamente, só que  duas para os ateus e agnósticos. Eles disseram que queriam mais do que no ano anterior… hehehe Fiquei honrado e foi um prazer. Neste segundo encontro apresentei o livro para os dois grupos. Apesar do livro ser marcadamente uma obra LGBT, os ateus foram os que mais compraram. Muito mais do que os próprios LGBT do Encontro. Fiquei muito satisfeito em ver a aceitação e a curiosidade. Teve gente que antes do final do evento já tinha lido mais de 30 páginas do livro e me dizia que não via a hora de chegar em casa para continuar. Que gostoso saber disso! 🙂

 

Lá no 20 Encontro para a Nova Consciência, conheci o pastor Alexandre Cabral da Comunidade Presbiteriana Bethesda,  discípulo e herdeiro ministerial do falecido e querido pastor Nehemias Marien. Pois bem, essa semana, enquanto eu voltava do trabalho, em meio às loucuras comemorativas da vitória do Vasco da Gama, o pastor Alexandre me fez mais um convite inusitado: falar sobre ateísmo e direitos LGBT (dois assuntos distintos, mas não antagônicos) numa reunião hoje (12/06/11), à noite, em Copacabana.

 

Isso sem citar os inúmeros sites religiosos que publicaram entrevistas nas quais, além de falar da homossexualidade, falava abertamente sobre ateísmo. E muitos desses sites foram motivados a publicar as entrevistas por rancor ou indignação. Pelo contrário, alguns a publicaram por considerem o conteúdo coerente e produtivo. E isso inclui até sites de ex-membros de seitas totalizantes e totalitárias como as testemunhas de jeová, por exemplo, e que ainda são crentes…

 

Por que digo tudo isso?

 

Primeiro, para ilustrar como o ateísmo tem se tornado tema interessante para religiosos cansados do modelo atual de igreja ou religiosidade.

 

Segundo, para ilustrar como ateus podem estar inseridos em qualquer contexto e colaborar para um pensamento mais racional, esclarecido, livre de dogmas.

 

Terceiro, para questionar por que ainda nos dividimos tanto por tão pouco (entre nós ateus) se podemos dar as mãos e construir um Brasil laico na prática tanto quanto na teoria através de atitudes simples e ações cotidianas?

 

Não podemos nos enfiar num esterilizado tubo de ensaio e nos fechar hermeticamente para o que acontece a nossa volta. Também não podemos reagir somente batendo com o martelo da razão. E olha que eu bato; bato muito na religião lá no blog www.foradoarmario.net. Mas é preciso usar também os óculos da empatia para com aqueles que crêem sinceramente. Não custa nada nos colocarmos no lugar deles e tentarmos compreender por quê pensam e agem como o fazem. Aí, sim, poderemos dialogar cordialmente com os que se abrem para o pensamento livre. Como dizem que dizia Chê: Manter a firmeza sem perder a doçura… )

 

Desejo um ótimo domingo a todos! E que o Brasil seja mesmo um país de todos – como dizia até há pouco  o slogan do governo federal, porque se a gente bobear, os fundamentalistas, dogmáticos, fanáticos e milenaristas religiosos acabam transformando isso isso na República do Absurdo – leia-se teocracia!

 

Sergio Viula

www.foradoarmario.net

Twitter: @SergioViula

 

 

Adolf Hitler ateu ? Será ?

Cristãos adoram declarar monstros como Adolf Hitler como ateu.

Abaixo segue um discurso de Hitler e seu “ateísmo” exagerado:

 

Como cristão, meu sentimento me mostra meu Senhor e meu Salvador como um combatente. Mostra-me aquele homem de outrora que, sozinho, rodeado apenas por alguns seguidores, reconheceu o que eram verdadeiramente aqueles judeus e conclamou os homens a lutar contra eles, e que, pela verdade de Deus!, foi maior não como sofredor, mas como lutador. Em amor ilimitado como cristão e como homem, leio a passagem que nos conta como o Senhor por fim se levantou em todo o Seu poder e tomou na mão um chicote para expulsar do templo a ninhada de víboras e serpentes. Como foi terrível sua luta em prol do mundo, contra o veneno judaico […] como cristão, também tenho um dever para com meu próprio povo.”

 

Hitler afirmou isso em um discurso público em 12 de abril de 1922. (Norman H. Baynes, ed. The Speeches of Adolf Hitler, April 1922-August 1939. Vol. 1 of 2, pp. 19-20. Oxford University Press, 1942).

 

Harris, Sam. Letter to a Christian Nation. Setembro de 2006

 

 

 

 

 

Verdades que nos convém…

Ultimamente tenho parado para analisar o quanto nós, seres humanos, estamos preparados a aceitar apenas aquelas verdades que nos convém, por mais absurdo e ilógico que seja.


Por diversas vezes, percebo que algumas das pessoas que se autodenominam ‘crentes’, usam alguma parte da ciência para provar que ‘X’ é algo bom, ou que é necessário para a vida dos seres humanos. E mais, usam apenas fragmentos fora do contexto para provar, e até mesmo ratificar alguma de suas tradições ou crenças. E para piorar a situação, essas pessoas realmente se aferram a essas idéias mirabolantes, e, o que inicialmente era algo irracional, e até mesmo uma inverdade para a própria pessoa, acaba por se tornar uma verdade na vida deste indivíduo.

 

Simplesmente não consigo entender.