Chris Enio em: Como dizer o que se passa comigo, sem dizer? Parte IV

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Parte III AQUI

Ano: 2010
Mês: Julho
Dia: 2, quarta-feira, 14:34 hs
Obs.: Dia ensolarado, 35°, Jogo do Brasil em uma copa do Mundo.
         Gisele, a inspetora, com seu andar bem devagar, respiração ofegante, como quem está cansada, cuidando-se para evitar o roçar das coxas, caminhava com dificuldade em direção a uma sala de aula para dar um aviso. Gisele, a inspetora, era respeitada no colégio, tanto por seus colegas de trabalho, quanto por alunos. Porém, Gisele, mesmo tendo conhecido o valor do respeito, não aprenderá a respeitar seu corpo, era obesa, tinha diabetes. Não resistia a um bom prato de comida. Seus desmaios eram cada vez mais frequentes, entretanto seus amigos, apesar de muito preocupados com a saúde de Gisele, já haviam se cansado de com muito carinho, inúmeras vezes aconselhá-la sobre a doença, como se procede, o que fazer… Não obstante já soubesse, Gisele, pormenorizadamente todas as dicas e cuidados pertinente a Diabetes.
        Tinha as instruções e dietas do médico de cor.
Os barulhos de um colégio, evidentemente, são de vozes para todos os lados, vozes de adolescentes, crianças, repreensões de Professores, inspetores, vozes de longe, de perto, embora também houvesse os sons urbanos da Rua Dias da Cruz, rua movimentada em que se localizava o colégio, com seu trânsito infernal. Gisele chega a última sala de aula em que haveria de dar o recado:
_ Com licença Professora. – disse Gisele em voz baixa após abrir a porta. A professora consentiu.
Agora com a voz mais alta, pôs-se a dar seu aviso:
_ Boa tarde, gente! – Esperou, sabendo que todos iriam responder. Os alunos responderam-lhe o comprimento pronunciando pausadamente, em coro.
Continuou Gisele:
_ Olha só, hoje é dia de jogo e o colégio armou um telão na quadra coberta. Quem quiser, pode ir embora, mas não sabem o que estão perdendo!
Todos gritaram em júbilos, de alegria, sorriam, gargalhavam. Gisele voltou:
_ Ah, aliás, a cantina continuará aberta. Não será preciso comprar nada na rua.
          O sinal bate e entusiasmadamente todos começam a sair. Num alvoroço, conversando sobre o jogo, sobre os astros do futebol brasileiro, entre outros assuntos.
         Gisele desce, toma seu posto no portão. Atenta, estava atenta a tudo e ao mesmo tempo, sem perder as crianças e adolescentes de vista que estavam saindo, encostou em seu rádio de comunicação e, apalpando-o como quem procura algo, conseguiu senti o botão certo. Fazia isso enquanto olhava e gritava com alunos para que parassem de fazer bagunça. Apertou o botão que procurava sem olhar e se comunicou com seu colega de trabalho. Gisele pergunta ao companheiro, que também é seu marido, se estava tudo bem, tudo sob controle. O marido, inspetor Willson, consentiu a tranquilidade em seu posto de trabalho naquele momento, a quadra. Os alunos, na quadra coberta, conversavam, faziam fila na cantina, uns cantavam gritos de torcida, outros apenas olhavam o acontecia ao redor, a espera do jogo. Inspetor Willson era tão obeso quanto sua mulher, Gisele, ao ponto de não conseguirem ter relações conjugais físicas.
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              Na favela, ao som de funk e golpes de martelo na obra que acontecia, meninos conversavam no barraco de madeira que ficava ao lado do campo de terra onde jogavam futebol:
_ Ih, qual é neguinho? Não vai andar pra trás agora, né? – disse Lekin com raiva e gesticulando, característico de um bom malandro carioca.
_ Deixa o moleque, ele só tem 10 anos! – responde defendendo o “Menor”, apelido do menino, mais novo do grupo.
Lekin continua, sem dar atenção a defesa do Menor por parte do Marcelo, vulgo Cachaça:
_ Qual é Menor, nós num vai roubar nenhum banco, não! É só um empréstimo de celular ou bolsa, mochila, sem devolução, de qualquer “Playboy” ou “Patricinha” por aí! – disse já em tom de quem está quase rindo. Todos puseram-se a rir, gargalhar, achando graça da expressões de medo que Menor fazia.
Menor timidamente e com voz trêmula de choro responde:
_ Tá bom, é nós! Mas é só para vigiar mesmo, né?
Cachaça se antecipa a explicar, falando de uma forma como quem já havia explicando “mil vezes”:
_ Cacete moleque, já num te falei?- Disse com uma vareta na mão, desenhando o local no chão. _ Você vai ficar no local, na esquina, com a bike e se ver alguma alguma coisa suspeita, algum Pompeu, Milico, é só apitar com esse apito aqui- disse mostrando o apito- e se embrenhar pra dentro de “Todos os Santos” (localidade da região) e se entocar. Valeu? É, nós? Tá ligado?
Menor:
_ É nós então na parada!- disse cumprimentando cada um de seus amigos com o movimento do tipo tapa na mão e soco.
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_ Patrícia, é melhor a gente ir embora, não acha? Sei que temos que nos distrair de vez em quando, mas a prova…
Patrícia intercepta o que Melissa iria dizer e com um sorriso prossegue:
_ “… a prova da Faetec está chegando…”, já sei, já sei amiga. Relaxa um pouco, senão vai surtar!- Patrícia troca rapidamente o assunto ao ver Fábio _ Olha Melissa, aquele gostoso do Fábio! – disse abanando-se com a própria mão.
Melissa: _ Está bom, ele é lindo, mas temos que estudar…
Patrícia: _ Ai, ele está vindo em nossa direção! – disse sorrindo e procurando parecer que não tinha notado.
Fábio vem se aproximando, mas ainda de longe, diz alto:
_ E aí meninas, vocês vão ficar? Já estão indo?
Melissa: Já, estamos indo sim, tchau! – disse curta e grossa. Patrícia se dispõe a responder rapidamente o contrário:
_ Não, vamos ficar, claro que vamos. Jogo do Brasil, patriotismo. O que faríamos? – disse empolgada, sorrindo, como quem derrete de paixão, se esforçando para não deixar que Fábio percebesse. Esforço em vão.
Melissa responde com desdém:
_ O que faríamos? Estudar, é claro! – disse, porém enquanto falava ia se retirando em direção a saída pronunciando a ultima palavra mais alta.
         Fábio fica sem entender. Patrícia fica pensando que “pagou um mico” por causa da atitude da amiga, pensando que sua amiga exagerou… Melissa seguia em direção ao portão do colégio para sair. Estava abraçada aos livros e ao fichário, com a bolsa em cima do ombro direito. Pensando rapidamente e se indagando sobre o porque “ as pessoas estagnarem a vida por causa de futebol…” e “por que não conseguem se controlar diante de uma paixão, tendo elas que fazer coisas necessárias…”. Enquanto andava, mergulhada em suas questões, ouve:
_ Tchau, meu amor! Até amanhã! – disse com carinho, a inspetora Gisele.
        Menor estava posicionado conforme o combinado, na esquina da Rua Pedro de Carvalho com a Dias da Cruz. Cachaça e Tiquinho, ambos com 13 anos estavam na mesma caçada em que se localiza o colégio, espreitando no portão. Melissa, agora falava ao celular, combinando com uma amiga que havia faltado, para se encontrarem e estudar.
      Paralelamente atais acontecimentos, a Diretora recebia uma ligação.
Toca o telefone, a própria diretora atende:
_Centro Educacional Méier, Diretora, Maria Lúcia, boa tarde!
_ Oi, alô, alô, madame? Aqui é o Ferreira!
Indagou a diretora estranhando a identificação:
_ Ferreira? Que Ferreira? De onde?
_ Eu, o subordinado do Sargento Anselmo, Cabo Ferreira! Lembra? Ele mandou perguntar se a senhora vai liberar o “cafezinho”.
A Diretora responde debochadamente e exaltada:
_ E R$ 500,00 por semana é “cafezinho”? Só se for café para o batalhão inteiro! Não, diz ao Sargento Anselmo que não vai dar, que a vaca está magra aqui no colégio!- continuou dizendo _ Será possível que para termos segurança, não bastando o imposto, temos que pagar? Cabo Ferreira, são crianças e adolescentes! – exclamou com raiva, indignação e tristeza enfatizando as palavras “Crianças e adolescentes”.
          Cabo Ferreira, encabulado, sentindo-se vergonha por não estar cumprindo sua função de forma devida, responde meio abobalhado, como quem não tem prática no falar. Responde não se sentindo a vontade com alguém de nível social e cultural mais alto:
_ Olha, o Anselmo disse que era pra te dizer, que “já é a terceira vez consecutiva que não paga”, que não vamos poder ir pra ficar de prontidão aí hoje! Não foi eu madame, é ordem do chefe! Sabe como é que é, né… pra gente te ajudar, a senhora tem que ajudar nós também!
A Diretora responde exausta com a situação e da conversa em si, sentia-se mal:
_ Está bem, depois nos acertamos, está bom? Tchau, que eu tenho mais o que fazer! Tenho que educar para que haja policiais honestos neste Rio de Janeiro! – desligou, batendo o telefone, sem esperar resposta de Ferreira.
         Melissa sai pelo portão, vira a esquerda, falando ao celular. Lekin, o mais velho, estava com Cicatriz do outro lado da Rua, observando. Ao passar Melissa por Cachaça e Tiquinho, os dois disfarçam conversando entre si para a menina não perceber. Menor olha da esquina cada movimento de seus companheiros, estava muito tenso, com o apito na boca. Saia alguns sons do apito devido ao fato de, Menor, estar respirando mais intensamente.
       Lekin, que liderava o grupo, fez o sinal, Cachaça avançou no celular da menina. Melissa, menina forte e teimosa, levou um susto, porém em um ato de coragem não largou o celular, segurou firme, ficou relutando com Cachaça, enquanto que sem Melissa percebesse, Tiquinho pelo outro lado de Melissa, puxou com muita violência a bolsa, que estava sobre seus ombros. Neste momento Melissa solta um grito muito forte e caiu ao chão. Gisele, a inspetora, sai do portão em direção a Melissa, gritando que parassem. Corria como podia. Fábio, que tinha resolvido sair, percebeu o que acontecia e fez o mesmo logo que se deparou com tal cena, tão comum no Rio de Janeiro. Cachaça, com o celular na mão e tiquinho com a bolsa, batendo na menina, os dois. Ouvem os gritos de Gisele, percebem Fábio correndo e, nesse susto, Melissa mesmo machucada e caída, agarra os dois. Gisele mal se agüentando vai de encontro ao chão, num tombo, aflita, não consegue se levantar. Nesta luta, Fábio chega, acerta um soco em Cachaça. Melissa ao ver o soco, em frações de segundo, sentiu ter valido a pena ter segurado os dois, mas agora estava sozinha com Tiquinho. Com a bolsa, Tiquinho tentando livrar-se da menina, puxa com toda força para o alto, estendendo-a do chão bruscamente, jogando-a em direção em direção a rua. Passava um único carro no momento, que estava vazia por causa do jogo do Brasil x Holanda. O motorista tendo visto a cena e com medo, acelerou o máximo que pôde. Melissa, quando jogada, bateu de cabeça no carro e, desacordada, num golpe, pôs-se cair metros em direção contrária. Ouve-se dois tiros, com espaço não muito curto de tempo de cada tiro, pois o atirador percebeu ter errado o primeiro tiro. Fábio cai com um tiro, tiro que perfurou um pouco abaixo da região da axila, atingindo o coração. Cachaça e Tiquinho, com grande medo, pensando ter, o tiro, vindo de algum policial, saem em disparada montados, cada qual, em suas bicicletas.
Melissa estava jogada, com o crânio aberto devido a batida com o carro em alta velocidade. Fábio havia morrido. A bala que o atirador pensou ter errado, havia acertado Gisele, que estava no, desesperada, gritando todo momento que parassem, sem conseguir levantar-se. Três pessoas no chão, próximas umas das outras. Papéis do fichário misturavam-se ao sangue. Gisele em um último suspiro, a ultima coisa que ouve é um grito de gol.
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          No morro, todos os cinco com seus sistemas respiratórios em pelo rigor funcional, em máximo de seus funcionamentos, olhavam uns para os outros assustados. Não era para ter sido assim, era o que pensavam. Não estava nos planos. Menor abriu um choro desesperado. Lekin, o mais velho e cabeça do grupo, o que sempre se colocava acima dos outros e bolava os planos, ofegante ainda, estavam todos agachados, levantou-se, deixou aparecer um sorriso bem maroto, puxou a camisa e exibiu a pistola. Todos estavam estupefatos, atônitos, gelados. Nunca haviam tocado em assunto sobre portarem armas. Sequer poderiam imaginar que o tiro teria sido disparado por alguém que estivesse entre eles. Naquela confusão, Menor tinha sido o primeiro a correr, com medo, logo após Cicatriz. Depois: o tiro.
       Assim começou a sequência de assaltos dos cinco meninos. Começaram a se apresentar pelo com pichações pelo bairro, como “Bonde do Penta”. Assaltaram durante um ano pessoas inocentes: comerciantes, idosos, estudantes, ônibus, casas etc. Todos estavam em suas listas. Depois de apanhados algumas vezes, sempre se safavam, depois de surrados, entregando todo dinheiro que tinham. Já os policiais, saiam com dinheiro dos comerciantes e com dinheiro dos delinqüentes. Tudo isso fez que, com o passar do tempo, com uma região de bairros sob tensão, fossem, os cinco meninos, reconhecidos em rede nacional, através de um telejornal como: ” A morte do Bonde do Penta”.
Lucas Gonzaga

Artigos ateistas (Dica)

Funçando no google ontem achei um site muito interessante que contém vários artigos de autores famosos como Dawkins, Sagan, Asimov, Saramago e muitos outros. Eu ainda não conhecia, mas estou divulgando para que mais pessoas conhecam, basta clicar aqui.

Papel da comunidade escolar _ Parte III

 

                                               Blog Preso por Fora

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Parte II AQUI

 

 

         Depois de contextualizado sobre como acontece educação, sendo de forma direta ou indireta, segundo minha perspectiva depois lido alguns, depois também de falado na primeira parte do que acho que a educação pode fazer, agora falarei sobre Educação & Política. Após esse texto de agora, depois dessas pequenas contextualizações, na parte IV iremos finalmente nos ater, interligadamente a esses outros aspectos que estou colocando em voga, sobre o Papel da comunidade escolar.

 

         Pois bem, por via de regra estamos em um país democrático, sim, todos podem votar. Mas fica a pergunta- algo que não falta: seriam esses votos, votos esclarecidos e conscientes? Estariam todos, ou a maioria, providos de um senso crítico para escolher candidatos e partidos com ideologias fidedignas a justiça e a solidariedade? Tendo em vista que a educação brasileira tem andado em um péssimo nível, 88º no Ranking mundial de educação de 127 países, creio piamente que os critérios de voto serão inconsistentes e, por conseguinte tais votos irão para políticos sanguessugas e boçais, o que por sua vez, fará com que a educação em nosso país continue em maus lençóis; fazendo com que se mantenha este ciclo vicioso. Parece sem fim, não é?

 

          É interessante tal e horrenda situação, obviamente, para os que estão no poder e, no poder, não digo apenas políticos, mas o 10% dos ricos de nosso país que possuem 70% do PIB brasileiro, de 1% de proprietários no Brasil que têm para si 50% das terras nacionais, enfim, é interessante para esses políticos tal situação que parece sem fim. É interessante para esses “Senhores Feudais” de nossa terra a manutenção da estrutura social que serve de massa de manobra para a sustentação da elite. Pois convenhamos, alguém consegue ficar rico trabalhando sozinho? Bom, manutenção que digo, é restrito ao sentido de que é necessário para alta burguesia manter esta camada da sociedade sempre no mesmo lugar. Oras, pergunto novamente: se não conseguirem manter tal classe social, quem trabalhará para a elite? Quem limpará suas casas? Quem consertará seus carros? Quem trocará as fraudas de seus filhos? Não hesito em responder que com certeza a elite não fará esses serviços, nem conseguirá manter sua fortuna trabalhando sozinho!

 

                                                                                       Louis Althusser

 

Althusser distingue no Estado os Aparelhos Repressivos de Estado- o governo, a administração, o exército, a polícia, os tribunais, as prisões, etc.- e os aparelhos Ideológicos de Estado (AIE) que ele enumera provisoriamente da seguinte forma:

 

* Aparelho Ideológico de Estado religioso

*AIE jurídico

*AIE escolar

*AIE político

*AIE sindical

*AIE de informação (rádio, televisão, etc)

*AIE cultural

 

        Demerval Saviani em “Escola e democracia”

 

         Sendo, segundo Louis Althusser, a escola, um Aparelho Ideológico de Estado, isto é, um meio pelo qual o Estado, a classe dominante, aquela que tem posse dos meios de produção e das mídias de massas, impregna sua ideologia na classe oprimida. O capítulo “Justificativa da Pedagogia do Oprimido” do livro Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire deixa claro que quando o oprimido não mais quer ser oprimido, vê como única saída, ser opressor. Nossas novelas estão ricas desses exemplos. Saviani chega a conclusão de que ao querer mudar o Estado pela Educação, acaba por fortalecê-lo, e não por fragmentá-lo e dilacerá-lo, pois sendo o Estado a serviço, não do povo, mas da classe dominante, acaba tendo poder econômico a fim de usá-lo para manter a estrutura. Sarcasticamente o “poder” através do imposto oprime o povo para sustentar a si mesmo e usa o povo militarmente, com o dinheiro do povo, contra o próprio povo, para continuar a, em nome da lei, extorquir o povo com o objetivo de fazer o povo deixar de ser povo. Por fim, o oprimido – o povo-, de modo inconsciente manifesta sua anônima revolta, anônima até para si mesmo, em um estádio gritando “gol”. O Estado controla ideologicamente por via econômica, segundo o que apraz o seu núcleo de sustentação.

 

                                                                                    Demerval Saviani

 

         Para Saviani, uma forma justa e radical do desenvolvimento da educação seria pois, pela mudança do que mais impede o seu crescimento: a mudança da economia liberal pela a economia solidária! Para Marx, a mudança do País deve acontecer simultaneamente. Com intervenção simultânea pela economia e educação.

 

         Demerval Saviani ao prosseguir citando Louis Althusser a respeito do entendimento de Aparelho Ideológico de Estado, escreve:

 

“Como ‘Aparelho Ideológico de Estado’ dominante, vale dizer que a escola constitui o instrumento mais acabado de reprodução das relações de produção do tipo capitalista. Para isso, ela toma a si todas as crianças de todas as classes sociais e lhes inculca durante anos a fio de audiência obrigatória, ‘saberes políticos’ envolvidos na ideologia dominante”

 

      

 

        Quem assistir o documentário “Paulo Freire contemporâneo” será surpreendido pelo depoimento de ex-alunas (os) de Paulo Freire que diz que na época da ditadura, alunas (os) foram presos enquanto aprendiam a ler. Entende-se pois, então, que a escola, dependendo de quem está no poder e de como se estrutura o processo de poder, a escola poderá ser o mais perigoso Aparelho Ideológico de Estado. Estará páreo a páreo com as mídias de massa. Pois é certo que crianças passam tanto horas na televisão ou ates mais que na escola. Destas afirmações é que muitos podem levantar questões como:

 

Professores, diretores e outros profissionais da educação não têm consciência própria?São assim tão manipulados pelo Estado? A auto-gestão nos colégios públicos não seria uma arma contra os interesses governamentais? Não é minha intenção responder nesta série de IV partes este assunto, poderá ser destacado, tal assunto em uma próxima vez. Todavia, esforce-se em indagar-se sobre, por exemplo:

 

Qual a disponibilização da maioria de prefeituras e estados a respeito de verbas que proporcionem condições melhores de trabalho? Com o passar dos anos, turmas lotadas e baixo salários não enfadariam um professor, mesmo que esforçado? Turma lotada não conotaria em uso maior da voz, o que pode resultar em alguma doença nas cordas vocais? Conhece algum professor ou já ouviu falar que se aposentou antecipadamente através de laudos psiquiátricos? Eu conheço e já ouvi falar! Continue se indagando…

 

Pós ditadura brasileira, tempo em que eu não vivi, profissionais da educação, que sabe-se, foram muito reprimidos, e outros profissionais estão enfadados de política, caem no engano de que a educação é politicamente neutra, de que não há ideologia em tendências pedagógicas, ou de que não há tendências e filosofias pedagógicas que favoreçam ideologias políticas. Enganam-se, pois direta ou indiretamente a forma de ensino dos tais, se não se preocuparem, estarão imbuída de ideologia vigente.

 

“Quem, melhor que os oprimidos, se encontrará preparado para entender o significado terrível de uma sociedade opressora? Quem sentirá, melhor que eles, os efeitos da opressão? Quem, mais que eles, para ir compreendendo a necessidade da libertação? Libertação a que não chegarão pelo acaso, mas ela práxis de sua busca; pelo conhecimento e reconhecimento da necessidade de lutar por ela.  

                        Paulo Freire em Pedagogia do Oprimido

 

“Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão.”

                        Paulo Freire em Pedagogia do Oprimido.

 

 

 

 

 

 

 

                  Paulo Freire

 

                                                  Lucas Gonzaga