Parte II de Chris Enio em: Como dizer o que se passa comigo, sem dizer?

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               O despertador toca. Na doce, mas embora pesada sonolência de quem trabalha a tarde e estuda a noite, soava-lhe ensurdecedor. O toque começava baixo e lento, de modo que conforme o tempo passasse, começava a ficar cada vez mais alto e acelerado.

Eram 6:10:30 hs.

      Chris Enio estava consciente, aflito pois não sabia o porquê, não entendia como não conseguia acordar. Parecia que não tinha controle do corpo, tentava se esforçava. Seu corpo permanecia inerte, não conseguia sequer abrir os olhos. Já acontecera a ele outras vezes, dava-lhe medo. Sentiu uma presença chegando em sua direção em passos leves. Foi gentilmente cutucado. Sobressaltado e assustado acordou por completo, suspendendo o tórax de modo rápido e involuntário ao centro da cama, sentado, como quem acordou de um pesadelo. A mãe, que o acordou, acudiu-lhe e perguntou: _ Está bem, teve pesadelo? Chris Enio, ainda sentado, olhou para baixo como quem estivesse refletindo e pegou-se em um sentimento de confusão.
                                                            ***
       Na noite anterior, depois de voltar da igreja no domingo, Chris Enio chegou em casa, assistiu um pouco de televisão. Um daqueles programas de domingo que passam faz anos. Ficou sentado ao lado da mão no sofá. Esquentou a comida, pegou pano de prato, colocou em baixo do prato e comeu. Não estava muito bem e acabou deixando um pouco de comida no prato.

      Deitado na cama logo após de fechar a janela ficou tentando lembrar o que teria que fazer no dia seguinte. Tinha certeza que tinha de fazer algo, mas não lembrava o que. Muito sonolento, quando pensava que estava quase chegando a resposta do que haveria de fazer no dia seguinte, acabou por dormir.
                                                             ***
        Sentado na cama, ainda confuso, como o sol batendo em seu rosto, irritado por alguns motivos: odiava quando a mãe abria a janela depois de ter acabado de acordar, pois o sol batia em seu rosto. Trabalhando de tarde e estudando de noite também não suportava ser acordado à toa, sem que tivesse alguma responsabilidade marcada para aquele horário do dia.
   
     Virou manejando o corpo de forma bem sonolenta, colocou os pés sobre o chão. Olhando para baixo, de olhos fechados como quem ainda sente muito sono, disse a mãe:

_ Por que me acordou a essa hora, não nada a fazer?

_ Você marcou o médico para ver o seu pulso, lembra? Já são 6:37. Se arrume logo, sem moleza, sei que está cansado, passou o dia inteiro na igreja ontem. – Disse a mãe.

_ Bem que eu dormi pensando que tinha algo a fazer hoje, só não sabia o que. Não preparei roupa nenhuma. – disse com a voz um pouco mais alta, depois de levantado se dirigindo em direção ao armário.

    A mãe logo se prontificou a afirmar:

_ Já está tudo pronto, corre, tome logo seu banho. Sua roupa está esticada em cima do sofá!- retrucou a mãe bem alto da cozinha, já preparando o café.
Chris andou rápido até a sala, olhou a roupa em cima do sofá, sorriu de canto com a boca fechada, não muito satisfeito com a roupa que a mãe escolhera.

        Em direção ao banheiro disse: _ Não era bem o que eu queria, mas tudo bem.
A roupa passada era uma camisa social de algodão, com listas verticais, uma calça social preta e sapato com bico quadrado preto. Chris era do tipo “tênis, calça Jeans e camisa pólo”.

        Saiu do banho, vestiu a roupa, pegou a bíblia e os folhetos, conversou um pouco com a mãe sobre os acontecimentos novos na igreja, sobre o que aprendeu do “poder da palavra”. A mãe não entendeu muito, mas o pouco que entendeu acabou por achar meio exagerado tal ensinamento. Chris pediu licença ao sair da mesa. Escovou novamente o dente e saindo pela porta despedindo-se da mãe. A consulta fora marcada para as 9 da manhã em um posto público do bairro onde morava.
Fechando o portão do quintal, caminhou na calçada olhando para o relógio, viu que eram 7:10 da manhã. Estava fazendo “sol de rachar” e isso o incomodava, preferia o inverno. Um pouco mais a frente se encontravam uns moleques sentados com bola na mão, aparentemente esperando outros para jogar futebol. Estava em época de férias escolares. Os meninos caçoaram com o peculiar falar arrastado do carioca:

_ Aí Christian, vai onde vestido deste jeito? Fazer exame de fezes ou o seu ginecologista é garanhão?- disse o menino quicando a bola de futebol acompanhado da gargalhada dos outros.

_ Pior é que vou ao médico mesmo. – retrucou Chris sem dar muita atenção.

       Ao passar em frente ao portão de Pedro, tentou resistir para não olhar, pois não queria que Pedro o pegasse olhando. Chris sentia falta do amigo. Chris não resistiu, olhou de soslaio. Pedro estava sentado em sua pequena varando de muro baixo lendo um livro. Sentiu que tinha alguém olhando, percebeu que era Chris. Pedro animado, feliz por ter visto Chris, cumprimentou com um tchau. Ficou sem reposta, Chris olhou para baixo, duvidando se respondia ou não, entretanto apertou o passo.

       Passado alguns quarteirões logo chegando a avenida principal de sue bairro, avenida muito movimentada, porém não era grande o bastante, por isso sempre em horário de pico o transito simplesmente, sim, enfim, Chris olhou assustado. Um alvoroço, muita gente, muito sangue no muro branco de um conhecido que mora na esquina. O aglomerado não o deixava ver quem estava ali, quem provavelmente havia morrido. Preocupado, se enfiou no meio da aglomeração, ouviu chegando o carro da polícia identificando pela sirene irritante. Driblou a confusão de curiosos, feirantes, camelôs, moradores e trabalhadores que ali estavam. Chegou ao local. Viu cinco corpos no chão. Entrou em choque, segurando o choro colocou a mão na cabeça. Gelou, sentiu com estando baixando a pressão. Ficou desesperado, sentiu o arrepio correndo pela espinha. Eram cinco meninos com faixa-etária entre os 12 a 15 anos, estavam com meia de futebol, chuteiras furadas em farrapos, a bola com um grande furo, murcha, em uma parte do chão isolada dos meninos, camisas furadas de velhice e também com furos de balas.

      Chris Enio não sabia o que fazer. Correu-lhe as lágrimas ao queixo até pingar no chão em cima do sangue. Pensou em Deus. Tudo, todos os sentimentos ocorriam muito rápido. Pensou em Deus, pensou em ressurreição que vira na bíblia. Sentia que não tinha fé. Sentiu uma mão em seu ombro, ao virar percebeu que era Pedro. Chris começou a falar:

_ Olha Pedro, esses moleques, vimos eles ainda bebês. – disse Chris desesperado sentindo a mão de Pedro no ombro o confortando.

       Pedro lhe disse:

_ Eu fico aqui e aviso o pessoal. Olha aí, a ambulância está chegando. Sua mãe falou que você vai ao médico, se não for agora só irá conseguir vaga depois de três meses, melhor ir, peço para sua mãe te dar notícias pelo celular…

   De surpresa ouviram um grito agudo, alto, angustiante. Um choro intenso, pouco ouvido, apenas em casos assim. Grito de comover e fazer doer o coração de qualquer um. Essa era mãe de dois meninos que ali se encontravam.

[..]

To be continued – Continua

Sobre a polêmica do video sobre sexismo

Olá pessoal

 

O video sobre sexismo gerou polêmica, o que era esperado, mas gerou também desdobramentos desagradáveis na rede, com desafetos do Bule atacando, em especial no twitter, o post. Eu escrevi este texto e postei nos comentários do post polêmico, e gostaria de compartilhar com vocês.

 

Um abraço

 

Homero

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O que eu realmente sinto dessa discussão toda, que me entristece, é que um debate que embora polemico, não ultrapassa nenhum dos limites do aceitável, em termos de razão, liberdade de opinião e mesmo humanismo (ou não deveria), acaba servindo de munição para ataques sem propósito contra um projeto interessante como o Bule.

Que, é preciso entender, não é uma entidade monolítica, dona da verdade, ou perfeita, mas um conjunto de pessoas com diferentes formações, visões, opiniões e apenas em comum uma disposição em fazer algo para o coletivo, informar as pessoas, e uma atração pelo humanismo, secular ou não.

Diversos “atacantes virtuais” tem usado este episódio como “exemplo” das falhas do Bule, como se o Bule, o conjunto de pessoas que o formam, alguma vez tivesse defendido ser isento de falhas ou perfeito. Este post, e a retratação, não foi o primeiro a provocar polêmica, nem o primeiro a receber uma retratação (e levou bem menos que os 400 anos para absolver Galileu..:-).

Frases no twitter (o ambiente ideal para não dizer nada de útil em poucas palavras..:-) como “ah, que decepção com o Bule” e as ditas com mais “satisfação”, como “ah, eu disse, aqueles caras não prestam mesmo”. É triste que, centenas de posts, sobre os mais diversos assuntos, ciência, humanismo, religião, direitos civis, defesa de minorias, filosofia, argumentação lógica, e mais um monte de coisas, seja “avaliado” por um post, que gerou polêmica. Um post.

Os dois videos postados são irrelevantes a meu ver. Estavam destinados a provocar polêmica, pela sua própria natureza, e pela intenção dos que os criaram, não por culpa do Bule ou de quem decidiu exibi-los aqui. Discutir sobre se deveria ou não ser exibido é desviar o foco da questão. O Bule não existe para se “comportar” de forma perfeita, mas para ampliar o pensamento e as visões de mundo.

No final, se lermos as mensagens, deixando as emoções e os ataques pessoais de lado, podemos perceber que no que importa, concordamos todos: sexismo é ruim, qualquer que seja sua origem, feminismo não se confunde com sexismo, o sujeito do primeiro video pisou na bola ao exagerar os ataques “ad hominens”, e não considerar as diferenças da situação atual entre homens e mulheres (peso social, machismo embutido, criação, vulnerabilidade, etc, etc).

Um debate, feito de forma racional (e educada) nunca é um desperdício. Qualquer assunto pode ser discutido dessa forma. E qualquer agrupamento humano, formado por pessoas distintas e diferentes (e acho ótimo que seja assim), haverá discordâncias e concordâncias.

O que eu penso que deveria ser claro é que, se o que os que detestam o Bule, sua posição filosófica, sua ações, baseiam seus ataques em “falhas” deste, então não deveriam ficar preocupados, pois todos temos falhas, e seria apenas uma questão de tempo para apontar as do Bule..:-)

Mas além de entender que nem tudo o que se aponta como “falha” alheia é falha real, pois pode ser apenas uma diferença de opinião válida, é preciso entender também que mesmo quando se falha, a capacidade de reconhecer isso, e mudar de posição, é que mais importa. Inclusive, é a maior e mais importante diferença entre crença e ciência, religião e ciência: enquanto uma luta para jamais admitir erros e falhas, para ter uma “verdade perfeita e absoluta”, a outra luta para descobrir erros e falhas, aumentando a confiabilidade de suas posições.

Não existe “O Bule”, existimos nós. Muitos inclusive que terão opiniões diferentes sobre estes videos e posicionamentos, mesmo dentro do Bule (é um Bule amplo, espaçoso..:-). É importante, e benéfico, que seja assim. Pensamento único é coisa de religião, não nossa. Não publicar o vídeo, porque causaria polêmica, seria covardia, não virtude. Ele foi publicado, causou polêmica e estranhamento, centenas de mensagens das mais variadas, e foi retratado, e substituído por um vídeo expondo o “outro lado”.

Como se poderia exigir mais que isso, de seres humanos?

Um abraço a todos.

Homero

 

http://bulevoador.haaan.com/2011/07/25023/comment-page-5/#comment-30836

 

Algumas perguntas para o crente.

ALGUMAS PERGUNTAS PARA O CRENTE!

Autor Desconhecido

01) Como você definiria Deus ou deuses, e por que você está tão convencido que existe um ou mais?

02) Se tudo necessita de um criador, então quem ou o que criou Deus ou os deuses?

03) Como pode, algo que não pode ser descrito, ser dito que existe?

04) Já que existem incontáveis religiões no mundo hoje afirmando ser a única religião verdadeira, por que você pensa que a sua é mais verdadeira do que a deles?

05) Mais de uma dessas religiões podem estar certas?

06) Se você sente no seu coração que a sua religião é a correta, como você responde aos outros de outras fés que afirmam a mesma coisa?

07) Como você encerra o debate e descobre qual dessas religiões, se existe alguma, é a correta?

08) Por que Deus permite que todas essas religiões falsas existam?

09) A história sangrenta do Cristianismo é consistente com o que é suposto ser a religião do amor, ou ela simplesmente ilustra as conseqüências de abandonar a razão pela fé?

10) Se tudo é o produto do grande projeto de um arquiteto onisciente e benevolente, por que a história da vida é um registro de horrível sofrimento, desperdício crasso, e falhas miseráveis? Por que esse Deus passa bilhões de anos de tal carnificina sem ainda ter alcançado seu objetivo?

11) Por que Deus interveio tantas vezes nos assuntos humanos durante a antiguidade (de acordo com a Bíblia) e, porém, nada durante o Holocausto da Segunda Guerra Mundial?

12) Por que as convicções interiores de uma pessoa sobre a existência de Deus indicam que Ele/Ela/Eles/Isso existe fora da mente dessa pessoa?

13) Pode um Deus que abandonaria seus filhos quando eles mais precisaram dele continuar sendo considerado todo bondoso?

14) Se algo não é racional, se deveria de qualquer jeito acreditar nesse algo?

15) Se o Deus da Bíblia é todo bondoso, por que Ele próprio diz que Ele criou o mal? (Isaías 45:7)

16) Existe uma maneira melhor de obter conhecimento e verdades do que a razão?

17) Se você responderia o número 16 com fé, então por que existem tantas fés contraditórias no mundo?

18) O conforto é mais importante para você do que a integridade intelectual?

19) O que seria necessário para lhe convencer que você está errado?

20) Se nada pode convencê-lo que está errado, então por que a sua fé deveria ser considerada algo além de um culto?

21) Se um ateu ou atéia vive uma vida decente e moral, por que um Deus amoroso e compassivo se preocupa se nós acreditamos ou não Nele/Nela/Nisso?

22) Por que tantas pessoas religiosas agradecem a Deus quando elas sobrevivem a desastres, mas não ficam com raiva dele por ter, em primeiro lugar, causado o desastre?

23) Se você exige que o ateísta desprove o Deus Judeu-Cristão, você está preparado para provar a inexistência de Zeus, Odin, Ra e todos os outros deuses e deusas antigos?

24) Por que o número de ateus e atéias nas prisões é desproporcionalmente menor do que os seus números na população geral?

25) O Deus brutal, vingativo e sedento de sangue, como mostrado no Velho Testamento, ainda é um deus que ama?

26) Deveríamos confiar em alguma religião que exige que nós elevemos nossa fé acima da razão?

27) Como pode o mesmo Deus que, de acordo com o Velho Testamento, matou todos na Terra exceto quatro pessoas ser considerado qualquer coisa que não seja mau?

28) A aceitação do misticismo religioso, magia e milagres é consistente com nossa compreensão de boa saúde mental?

29) Nós devemos odiar nossas famílias e a nós mesmos para sermos bons Cristãos? (Lucas 14:26)

30) Já que o mundo antigo era abundante de contos de deuses-Salvadores ressurgidos que supostamente tinham retornado da morte para salvar a humanidade, por que o mito de Jesus é mais verdadeiro do que todos os outros?

Papel da Comunidade Escolar _ Parte I

 

                  http://presoporfora.blogspot.com/2011/07/papel-da-comunidade-escolar-parte-i.html

 

       Escola, um local, uma instituição formada com seus componentes tais como: o corpo docente, administrativo, pedagógico, os próprios educandos, enfim, a Comunidade Escolar, da Merendeira ao Diretor. Designados para as funções, obviamente condizentes com o que se propõe a cada cargo. Instituição direcionada para certos fins, fins estes que, quando indagados, as respostas convencionais podem soar aos críticos como clichês repugnantes, respostas vagas e para os mais severos, digamos que até nauseantes. Se houver indagações sobre qual seria o papel da escola para a sociedade é possível que surja a resposta de que:

Esta instituição seria de utilidade com o fim de educar, formar, desenvolver moral, socializar, transmitir conteúdos.
      Contudo encontra-se no ar uma pseudo-incógnita: Tal instituição seria via de educação, formação de personalidade e de moral, de socialização, ética e tudo o mais, segundo os paradigmas de quem? Quem ou o que iria ser privilegiado com e resultado da maneira de educação? Seria igualitária ou dualista? Diferenciando objetivos para educação da elite e da popular?
       Então, pode-se concluir após breves perguntas que a questão não é nem pode ser abordada de forma simplista. A intenção aqui é introduzir para que nós: professores, educadores, pais, parentes, cidadãos, enfim, todo e quaisquer interessados em educação e no futuro da humanidade, não esquecendo o presente, é claro, venhamos a procurar insistentemente respostas sobre a educação. A questão não gira em torno apenas de qual seria o papel da escola, todavia de que forma seria aplicada. Como nos ensina, com sua argumentação arguta, Paulo Freire, não há educação apolítica. Está aí para todos lerem, simples e engenhoso, sem chances de se poder refutar, o livro do Mestre “Pedagogia do oprimido”. Como diz uma conhecida professora “Paulo Freire cada vez sempre mais atual!”
       Ao meu ver como leigo a situação da educação, de sobressalto tenho leves percepções e como jovem utópico, um misto de absurdos belíssimos, boas perspectivas e em contraponto um pessimismo oriundo de um determinismo que, esperando ser falho, atento-me mais a utopia que invade minha mente; todavia pode ser que o conflito entre minha utopia e o meu pessimismo resultem, por motivo de informação insuficiente a mim, em uma dialética prematura, portanto ineficiente. O que me leva a estar sempre em busca de conhecimento. Não sei até quando me permanecerá esta certeza, porém encontro-me a pensar que a educação pode vir a ser uma panacéia.  Creio que de acordo com a maturidade de vida e intelectual, um panorama límpido, construído é claro, sei que se abrirá lentamente, será instaurado, ao passar do tempo.
“Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão.” _ Paulo Freire em Pedagogia do Oprimido.

Lucas Gonzaga

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A próxima Parte será postada no Dia 1º de Agosto de 2011.