A propaganda Religiosa

 

As religiões não cansam de propagar que sua missão é tratar os aflitos, os necessitados, os desesperados. Podemos ver o resultado disso nos depoimentos de quem às freqüenta.

 

A história dessas pessoas normalmente envolve relatos de ter encontrado “Deus”, “Jesus”, “iluminação”, quando passavam por momentos de crises, quando passavam por situações limites e desesperadas. Isso levanta muitas questões para refletirmos, por exemplo: Porque as religiões são mais atuantes e marcantes para esse tipo de pessoas? Porque buscar seus fiéis entre pessoas fora de seu estado mental “normal” e “integro”? Porque mais crescem entre os mais pobres e com baixa escolaridade? Acaso estão mais vulneráveis por falta de assistência do estado aos seus direitos básicos? Se realmente essas crenças organizadas procuram os momentaneamente desequilibrados ou desassistidos para dar a “acolhida” nestes momentos difíceis então é caracterizada uma estratégia planejada para gerar um tipo de “compromisso”?

 

O que parece é que usam de uma fragilidade momentânea das pessoas nessas situações para incutir sua visão de mundo, afinal, por um sentimento de “dívida” para com que os ajudaram, muitos podem acabar e acabam por permanecer nestas seitas e religiões, passando a colaborar financeiramente, ou com trabalho, ou com doações, ou com voto para um pastor, etc.

Pode ser que para alguns isso pareça algo licito, aceitável e até esperado. Pode parece em um primeiro momento que é louvável ter pessoas que ajudam os outros quando esses estão mais necessitados… Mas essa “ajuda” espera uma contrapartida: que você viva o resto de sua vida sob sua doutrina sem questionar, que colabore da forma de demonstrar sua fé, colabore e se empenhe em sua vida pelos interesses dessa religião… Pelo que parece eles tinham um objetivo, tinham um público-alvo, estavam esperando e usam a desgraça para se promover.

Não seria mais altruísta ajudar aos outros sem se fazer propaganda disso? Afinal ser altruísta é ajudar em prejuízo próprio, sem alardear aos quatro ventos o quanto são bons por ajudar os necessitados… Não que não devam se orgulhar de ajuda ao próximo como pregam, mas estão agindo com foco nos seus interesses, e estão sendo assistencialistas quando na verdade ajudariam muito mais ao “dar a vara ao invés do peixe”.

Coloquei essas questões por ainda pensar em casos como o da chacina do Realengo. Para mim ficou evidente que a religião deu assistência não qualificada a uma pessoa psicologicamente perturbada, e isso trouxe péssimas conseqüências para a sociedade. Ele encontrou na Bíblia e na crença em Deus o que buscava na sua mente doentia, ele precisava de alguém que o apoiasse e ratificasse a vingança que pretendia… e um Deus que manda matar, que manda cometer atrocidades, e que dá a vida eterna para quem o faz em seu nome seria perfeito.

Ele só precisava fazê-lo em nome dele. E ele fez.

Por não terem formação e qualificação para tratar pessoas em todas as suas complexidades, e principalmente nestes estados, as religiões não deveriam se prontificar a lidar com casos como este. A forma como a religião atrai e mantêm seus fiéis potencializa enormemente o risco de termos mais loucura entre nós.

Por buscar a renuncia do corpo e dos sentidos, por perseguir ideais ultrapassados e não alinhados a nossa sociedade atual, por exercitar a alienação ao mundo natural, negando-o em favor de uma imaterialidade não percebida pelos sentidos, focando uma “outra vida” as religiões são ótimos lugares para quem busca fugir à realidade. É como dizem: “Não importa sua dor, Deus está no céu e olha por você”, ou seja, não importa você ou o que sente; você não é importante e estão te vigiando.

O conhecimento humano avançou muito com o uso da ciência, hoje sabemos o quanto é importante dar a atenção devida à pessoa, a individualidade, a subjetividade de cada ser. Temos hoje nas várias áreas do conhecimento humano ciências que pode auxiliar pessoas psicologicamente vulneráveis e ampará-las, com boas chances de torná-las forte novamente, confiante em si, diferente da alienação proposta pelas religiões, que tira a possibilidade de reagir por si somente.

Infelizmente para grande parte da população, predominantemente de menor poder aquisitivo e residente nas regiões de menor nível educacional e cultural; são as mais expostas à ameaça das doutrinas religiosas. É muito contrastante notar nas áreas mais carentes dos grandes centros, a falta de serviços públicos, de lazer, cultura, educação, enfim; qualidade de vida e relação aos bairros mais nobres, e é justamente onde se proliferam as igrejas de porta de garagem. São inúmeras.

A propaganda religiosa tem na periferia o seu maior público, e quem conhece suas realidades saber que nela as atividades econômicas que mais crescem são: Igrejas, os Bares e os Salões de beleza. E duas dessas atividades têm um alto grau de alienação.

Temos que aumentar a divulgação de temas e assuntos laicos, debater com quem pudermos, nos posicionar demonstrando a maioria que não segue nenhuma doutrina que pode continuar assim, que podem inclusive não seguir nenhuma religião, e que não há nenhum problema nisso.

Temos também que pensar em novas formas de agir na sociedade, contemplando as ditas novas classes médias, que estão nas periferias, pois é lá onde esta sendo feita o tipo de propaganda religiosa, e é de lá que o estado é menos atuante, é preciso haver alternativas interessantes para esses públicos, ações que os retirem deste circulo vicioso de Bares e Cultos.

 

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