Parlamentar holandês acusado de incitar ódio contra Islã é absolvido

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/06/110623_wilders_absolvicao_fn.shtml

O parlamentar holandês de direita Geert Wilders, que descreveu o Islã como “fascista” foi absolvido da acusação de incitar o ódio contra muçulmanos.

O juiz Marcel van Oosten determinou que as declarações de Wilders eram dirigidas ao Islã e não aos muçulmanos e, segundo a decisão do juiz, “aceitáveis dentro do contexto do debate público”.

Segundo o juiz, apesar de as declarações de Wilders terem sido “grosseiras e difamatórias”, elas não incitaram o ódio. Wilders comparou o livro sagrado dos muçulmanos (o Alcorão) ao livro do líder nazista Adolf Hitler Mein Kampf (Minha Luta).

Depois de sair do julgamento, Wilders disse que estava “incrivelmente feliz” com o veredito. “Não é apenas uma absolvição para mim, mas uma vitória para a liberdade de expressão na Holanda”, disse.

“Agora, a boa notícia é que também é legal ser crítico a respeito do Islã, falar publicamente de uma forma crítica em relação ao Islã e isto é algo que precisamos, devido ao fato de a islamização de nossa sociedade ser um rande problema e uma ameaça à nossa liberdade”, acrescentou.

Representantes de grupos de minorias da Holanda, que entraram com a ação contra Wilders, poderão tentar levar o caso à alguma corte europeia ou à ONU.

O advogado deles, Ties Prakken, teria dito ao jornal holandês De Telegraaf que estava “profundamente decepcionado” e acreditava que os direitos das minorias, de ser protegidas contra os discursos de ódio, tinha sido violado.

Aumento da discriminação

Os membros dos grupos de minorias da Holanda que entraram com a ação contra Wilders disseram durante o julgamento que os comentários do parlamentar de direita provocaram um aumento nos casos de discriminação e violência contra os muçulmanos no país.

Wilders foi indiciado por incitar ódio e discriminação em janeiro de 2009, por causa de declarações contra o Islã que fez em discursos, artigos escritos e em seu polêmico filme, Fitna, lançado em 2008 e que colocava versos do
Alcorão sobre imagens de ataques suicidas.

 

O texto acima so vem reforçar a proposta que eu fiz num dos meus artigos anteriores, publicados aqui nesse blog: PARA ACABAR COM AS RELIGIÕES: http://ligahumanista.org/profiles/blogs/pra-acabar-com-as-religioes

Mulheres abalam Médio Oriente – Via Diário Liberdade

Publicado no Diário Liberdade em 17/06/2011

 

Esquerda – [José Lopes] O futuro político dos povos que corajosamente ousaram enfrentar ditaduras politicas, religiosas ou militares, parece ainda muito frágil. Mas o papel das mulheres nas revoluções árabes é a mais marcante e promissora conquista das transformações sociais.

Para além da importante conquista que já representou a luta dos movimentos pró-democracia no Médio Oriente como o derrube do ditador egípcio Hosni Mubarak. O futuro político dos povos que corajosamente ousaram enfrentar ditaduras politicas, religiosas ou militares, parece ainda muito frágil e numa encruzilhada de interesses geoestratégicos das grandes potências. Mas o papel das mulheres nas revoluções árabes é a mais marcante e promissora conquista das transformações sociais, em países com regimes patriarcais e capitalistas da região, que lhes têm negado direitos fundamentais.

“Nas ruas, nas barricadas e online, as mulheres têm estado no centro das revoltas que abalam o Médio Oriente” escreve Kat Banyard (exclusivo The Times) que a Noticias Magazine (12/06/2011) trouxe até aos seus leitores. Um texto com o titulo “Nova ordem no feminino” que fala das lutas femininas no Egipto e da luta pela liberdade, em que «As mulheres são activistas fundamentais nesta revolução. As mulheres criam slogans, as mulheres estão à frente e a defender os manifestantes… Elas não estão à espera de que o Ocidente ou os homens as libertem.»

Sendo uma característica de todos os movimentos pró-democracia que varrem o Médio Oriente, a presença das mulheres e raparigas nas ruas marchando lado a lado com os homens, o que tem levado as feministas da região a afirmarem “que estas revoltas poderão vir a significar uma mudança radical para as mulheres, com a democracia em jogo não apenas nas instituições parlamentares, mas também em casa”. Um movimento de esperança na transformação social em que as mulheres árabes que na Praça Tahrir transportaram cartazes proclamando «Nós somos raparigas da revolução», estão de forma empenhada e militantemente a certificar-se de que estas revoluções políticas são também revoluções pessoais.

Como escreve Kat Banyard, “não foram apenas mulheres da classe média educada que tomaram conta das ruas. Uma página do Facebook intitulada «Mulheres do Egipto» criada para coligir fotos de mulheres rebeldes tomando parte nas revoltas mostra avós, meninas de escola, mulheres que usam o niqab e outras com a cabeça completamente descoberta…” reflecte bem que a participação das mulheres supera as expectativas.

Apesar dos exemplos de luta dados ao mundo pelas «raparigas da revolução», no caso do Egipto em que «as mulheres são obrigadas a usar véu, forçadas a não completar a educação e são espancadas pelos maridos», enfrentam um desafio gigantesco, com o seu país no 125.º lugar dos rankings globais das desigualdades entre os sexos do Fórum Económico Mundial, que classifica os países de acordo com critérios económicos, políticos, de saúde e das disparidades de educação baseadas no sexo. Rankings em que o Iémen é o último da lista, a Islândia está no topo, enquanto o Reino Unido é o 15.º).

As mulheres que dão a cara nas ruas do Cairo, Tunis e Argel estão, como é afirmado no texto, “a tentar estabelecer a sua própria agenda – reivindicam o direito a uma ordem nova”. As organizações de activistas de direitos das mulheres, estão atarefadas na elaboração de uma lista de exigências fulcrais na agenda da democracia pós-Mubarak. A este propósito, Anne-Marie Goetz, conselheira-chefe do Fundo de Desenvolvimento para a Mulher das Nações Unidas, diz «É bem possível que possa haver um salto qualitativo na promoção dos direitos das mulheres. Mas para que isso aconteça, é muito importante que esta oportunidade seja vista sob essa perspectiva». Neste sentido as atenções centram-se no «processo da reforma eleitoral e constitucional que seguem a um levantamento revolucionário democrático» os quais, acrescenta ainda a conselheira, «devem estabelecer disposições especiais para garantir a participação plena das mulheres…».

O tema da mutilação sexual feminina que afecta mais de noventa por cento das mulheres egípcias, é também tratado neste trabalho jornalístico que não podia ficar indiferente ao verdadeiro drama que tem sido silenciado pelo ocidente, mas que a revolta árabe escancarou ao mundo pela voz das próprias principais vítimas de “tradições”, incluindo de cariz religioso, que segundo o Centro Egípcio para os Direitos das Mulheres, «estas são violentadas na família» incluindo «a mutilação genital feminina» que afecta entre noventa a 97 por cento das mulheres. Práticas suportadas pelas próprias autoridades policiais e governamentais.

Uma nova ordem no feminino se impõe e a luta das mulheres no país mais populoso do Mediterrâneo Oriental em que 31 por cento da população têm menos de 15 anos e um quarto tem entre os 18 e os 29 anos, exige que o cinismo do ocidente não volte a esquecer e a silenciar a sua realidade social, tal como o fez nos últimos anos, ainda que este país do vale do Nilo tenha acolhido em 1994 a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, em que foram delineadas estratégias e iniciativas para a promoção da igualdade entre homens e mulheres, que não passaram de boas intenções e por isso deram origem ao exemplar empenho das mulheres ao lado dos homens na ocupação da Praça Tahrir entre 25 de Janeiro e 11 de Fevereiro. Uma luta que derrubou Mubarak e ainda tem muitas barreiras a ultrapassar e muitos direitos a conquistar pela liberdade e pela igualdade.

Resposta a uma carta publicada no jornal Diário de Santa Maria

No dia 20 de junho deste ano foi publicada a seguinte carta de um leitor do jornal Diário de Santa Maria, sendo este de grande circulação na cidade e região.

 

http://www.clicrbs.com.br/dsm/rs/impressa/4,41,3357266,17363

 

Não pude deixar de respondê-la, entretanto o jornal não publicou minha resposta. Aí vai ela:

 

Senhor Elton,

O trabalho realizado pelos Pastores Evangélicos é importante? Excluindo os charlatanismos e fanatismos até posso considerar. Agora, dizer que isso justifica o emprego do dinheiro do contribuinte numa discussão puramente demagógica, acredito que não.

Se cada profissão, ideologia ou o que quer que o valha mereça uma homenagem por fazer um bem considerável às pessoas, quem sabe discutamos então a criação do Dia do Cientista, que com certeza salvou muito mais vidas que Pastores Evangélicos. Se o senhor discorda, acredito que não tenha o real conhecimento do trabalho e da dedicação dos Cientistas que, por meio do raciocínio lógico e conhecimento, têm conseguido amenizar mazelas sociais e salvar bilhões de vidas.

E para ser Cientista não basta apenas fazer faculdade, é preciso anos de pesquisa, ter como profissão a busca por novas técnicas que ajudem qualquer ser humano, não importando sua religião. Além de tudo é preciso muita paciência e coragem para aturar o descaso da população com novas descobertas e até mesmo ataques contra tentativas de disseminar a luz do conhecimento sobre as trevas do misticismo.

Como pode ver, senhor Elton, acredito que os Cientistas têm mais razões para merecerem uma homenagem de nosso município do que os Pastores Evangélicos. Entretanto não acho que devamos gastar nosso dinheiro abrindo tal discussão em nossa Câmara. Isso é pura demagogia, assim como as propostas dos senhores Vereadores, que só desejam chamar a atenção da população sobre si mesmos para angariar votos nas próximas eleições. E o senhor, desculpe-me pela franqueza, caiu nessa.